Não tenho qualquer memória do dia 8 de Setembro há 29 anos. Não tenho. Mas a minha memória consciente mais antiga é a da tua chegada a casa. Recordo com uma clareza brutal, como se estivesse a assistir a um filme dentro da minha cabeça, a abertura das grades do elevador de lá no prédio dos avós e depois o pai e a mãe. E tu. Numa alcofa. Morena. Tu.
Todos achamos que os nossos filhos são especiais. São os maiores. Ou os melhores. A minha filha não é a mais linda. Não é. A minha filha não é a mais esperta. Não é. A minha filha não é a mais atleta. Não é. A minha filha não é a mais desenvolvida. Não é. Mas a minha filha é especial. É especial na sua felicidade contagiante, plena, transparente e sincera.
Um vestido branco simples. Uma descoberta numa tarde de mimo (e compras) só com as mulheres da família. E mais um vestido nostálgico para ela. Cortado e costurado pelas mãos da bisavó de 80 anos, com tecido igual a tantas memórias da mãe. [Me: vestido Zara; sandálias Bershka; clutch Mango; óculos Dior; colar Maria Muffin Store] [Mini Me: vestido feito pela bisavó; menorquinas Fungagá; gancho Maria
Hoje, a 6 dias do teu aniversário, fui correr (andar?) com o pai. Corrida ligeira até Pousaflores, caminhada (mesmo muito) dura pelo Caminho da Cruz até ao cimo da Serra do Anjo da Guarda onde as tuas cinzas foram largadas ao vento. Chegados lá acima e, como se diz e aqui fará todo o sentido, a descer até os anjos ajudam. A correr sempre com os passos do pai mesmo
