Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Let’s play pretend…

Vamos fazer de conta que estamos em Setembro de 2009.

Vamos fazer de conta que estou hoje a dizer-vos que a minha irmã teve recaída.

Vamos fazer de conta que a Nídia está viva. Doente, mas viva.

Vamos fazer de conta que ainda acreditamos (porque temos de acreditar) que a vamos ter cá para sempre.

E vamos fazer de conta que isto que vos peço hoje, em 2013, é pela Nídia.

Porque, sem fazer de conta, é pela Nídia, é pelo Rodrigo, é pelo João, é pela Carmen, é pelo Michael. Que estão mortos. Sim, mortos. Não vão voltar a escrever, a falar, a respirar. Não vão voltar a sorrir. Já estiveram ao lado de alguém que amam (e que deve(ria) ficar cá depois depois de vós) num caixão? Porque é isso. A morte é isso. É não voltar a respirar, é ser confrontado com a crueza de uma caixa de madeira. Com o nunca. Com o fim.

E é isso que peço. Que façamos de conta que essa morte é uma tal de figura imaginária de pesadelos infantis que podemos banir. Por mim e pelos meus. Por vocês e pelos vossos. Por nós.

Vão doar sangue. Não imaginam a falta de reservas de sangue. Vão inscrever-se como dadores de medula óssea. Não custa nada.

Vamos fazer de conta que isso, dar vida, é o suficiente para aliviar a dor. A dor de quem sofre. A dor de quem partiu. A dor de quem ficou.

Vamos fazer de conta. Porque é a brincar ao faz de conta que se alcançam os maiores sonhos. Ou os sonhos maiores.

Let’s not pretend we can’t. Because we can.

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