Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

A p*** da chuva

Na sexta-feira caiu um santo do altar.

Isso, na sexta-feira caiu um santo do altar. Não, não foi chuva. Foi mesmo um santo. Oito e meia da manhã, fecho a porta quando eles saem e nesse instante cai o santo. Caiu, só pode. Juro que ouvi a cabeça em gesso (ou será antes cerâmica?) a estatelar-se no primeiro degrau do altar. Caiu o santo e baixou em mim uma qualquer amnésia que me fez esquecer que,  de todas as tarefas domésticas, pior do que engomar, só mesmo limpar as portadas e acrílicos das varandas desta casa. Veio a amnésia e agarrei-me aos panos e ao Sonasol lixívia-cor-de-rosa-em-spray-qualquer-coisa e ao Cif limpa-vidros-até-entreluzirem-de-ferir-os-olhos, ignorei o lembrete na agenda a dizer que tinha manutenção de pestanas (ou seja, fui uma fraca que deixou a sopeira sobrepor-se à dondoca – que depois andou a acelerar para não se atrasar) e dei início às hostilidades.

E senhores, se são hostilidades. São varandas com acrílicos na casa toda. São acrílicos que para ficarem decentes têm de ser sujeitos a uma intervenção de 4 etapas, fazendo-me ponderar a necessidade de uma anestesia geral. Primeiro vá de Sonasol lixívia-cor-de-rosa-em-spray-qualquer-coisa. Por dentro. Por fora. Vai aos cantinhos e às junções. O pano fica nojento. Depois é a vez do Cif limpa-vidros-até-entreluzirem-de-ferir-os-olhos. Por dentro. Por fora. Vai aos cantinhos e às junções. Bis. Sim, temos bis. Cif limpa-vidros-até-entreluzirem-de-ferir-os-olhos. Por dentro. Por fora. Vai aos cantinhos e às junções. Está bom? Ahhhh queriam! Nada. Cif limpa-vidros-até-entreluzirem-de-ferir-os-olhos. Mas agora com papel absorvente. Por dentro. Por fora. Vai aos cantinhos e às junções. Está perfeito? Era bom. Repetir nas varandas da casa toda.

Sentar na cozinha e rogar pragas a uma casa virada a nascente. Sabem o que acontece entre as 7h e as 11h da manhã? Vê-se a léguas e sem esforço o quão m*rdosa eu sou a limpar os malditos acrílicos.

Na sexta-feira não chovia. Estava sol. Como hoje. Como tem estado todos os dias. Da semana passada. E desta. Menos quando? Menos no sábado. A seguir a ter caído o santo do altar. A p*** da chuva não podia ter vindo vinte e quatro horas antes? Ou, quiçá!, adiar a sua chegada vá!, outras vinte e quatro horas? Só naquela de não parecer que estava mesmo a gozar com a minha cara? Caiu o santo da preguiça e São Pedro foi ao velório. Só pode.

[Não me venham falar de panos miraculosos que custam tanto como um conjunto da knot para a Maria. A minha sogra compra-me isso tudo a toda a hora. Tenho sempre a última moda de panos de vidros cá em casa. Tudo muito bom e muito espectacular. Para espelhos e vidros interiores. Acrílicos na rua? Esqueçam lá isso! Já estive mais longe de experimentar jacto de areia.]

1 Discussion on “A p*** da chuva”

Leave A Comment

Your email address will not be published.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.