Ainda não consigo reconhecer-me quando dizem corredora.
Ainda não consigo assimilar que é de mim que falam quando dizem ela já corre muito ou tu já estás pró na corrida.
Porque não sinto que assim seja mas, acima de tudo, porque foi muito rápido.
Para quem está de fora da “cena” da corrida, pode não parecer um processo célere. Mas eu sinto que foi. Há um ano corri pela primeira vez a sério depois de mais de 10 anos sem correr. Primeira dica? Não cometam o mesmo erro. Foi na Mini Maratona de Lisboa que me estreei no regresso às corridas, sem treino, sem resistência, sem nada. Assim, literalmente, à maluca. Ainda hoje recordo as dores horrorosas nos joelhos que sofreram pela minha inconsciência. Ainda hoje questiono como não matei os meus joelhos. Mas agradeço que tal não tenha acontecido.
Exactamente um ano depois vou estrear-me na Meia Maratona. De Lisboa, claro. Sem medos. Sem dúvidas. Sem “ses”. Bem, à minha maneira de sempre do “é claro que consigo”. (Não tenho dúvidas de que foi esta minha mania que garantiu que corresse os 7km e qualquer coisa há um ano atrás com zero treino). Este fim-de-semana fizemos o treino longo de preparação para a meia. Dezassete quilómetros junto ao mar com uma grupeta que incluía prós e tartarugas (categoria onde me incluo, naturalmente). E foi tão bom! A sério, fabuloso!
Não quero tornar-me naquela croma que vende o espírito da corrida a todos. Não quero. Preferia conseguir vender a ideia de que ser feliz só depende de nós (e não consigo).
Mas acho engraçado quando me perguntam por quê? E a verdade é uma. Não é por causa do #raiosmepartamseeunaoficocomabarrigadagisele. Lamentavelmente, também não é por questões de saúde (eu sei que ficava bem dizer que era, mas estaria a mentir). Felizmente também não é por questões de peso – vivo há quase 32 da mesma forma e nunca precisei de me ralar com isso. Sim, tenho todos estes motivos em consideração, particularmente a questão da saúde. Mas a verdade é esta: quando corro, não penso. E isso é só a coisa mais espectacular que pode existir. Há muito de bom, a sensação de concretização, a amizade que este grupo criou e que é fantástica, a libertação das hormonas que nos deixa com uma felicidade parola, o bem estar físico. E sim, as mudanças que observamos no nosso organismo. Mas o que me faz sair para correr com aquela motivação e garra que sinto, é mesmo isto: quando corro, não penso.
Mais engraçado é quando me pedem dicas. Dicas? A mim? Esqueçam! Tomara eu ser a croma que tem condições de aconselhar! Vejam os posts do Ricardo sobre o tema, do Zé, da Ana ou do meu treinador. De qualquer forma garanto que para começar a correr só é preciso reunir meia dúzia de condições (pelo menos comigo foi assim):
- ter uns ténis decentes que não têm de ser o último grito nem de custar uma fortuna
- perceber que não se pode correr ao ritmo de quem já corre e que por isso se calhar é mesmo melhor começar sozinho para encontrar o ritmo mais adequado e confortável
- esquecer os tempos e pensar em distâncias (esqueçam se parece que vão quase a andar, se isso garantir que fazem 3km em vez de 300m então é esse o ritmo certo, não se preocupem que a velocidade vem naturalmente)
- acreditar (porque é verdade) que o que mais custa são os 2 primeiros quilómetros do treino porque é enquanto o coração, respiração e organismo como um todo estabilizam
O mais importante? Querer (de querer mesmo) correr.
O resto? Dicas de hidratação, alimentação, equipamentos e afins é o que não falta nessa Internet fora. Mas para correr só é mesmo preciso uma coisa, querer.
É precisamente por isso que adoro correr!
E pelo facto de gostar de me superar. Tanto que também me estreio este ano na Meia depois de ter corrido a Mini em Outubro passado. Curiosamente no meu grupo de amigos sou a maior apaixonada por corridas e a única corredora regular, no entanto, são os primeiros a incentivar-me! No meu caso, além da grande paixão, a corrida funciona como ajuda na manutenção de uma vida saudável (os meus níveis de colesterol roçam quase sempre o aceitável) e só espero que os joelhos mo permitam, porque ainda há umas quantas provas que quero fazer!
Vemo-nos domingo e, se tal não acontecer: boa prova! 😉
Cris
http://www.lima-limao.pt
Eu também me ando a virar para aí… Devagar, devagarinho. Comecei por provas de caminhada mas a minha vontade agora é passar para a versão corrida (talvez me estreie a sério na de Alverca em Junho!). E é como dizes, saúde, peso, modas à parte, a sensação que se tem depois de mais um treino é óptima. E, ao contrário de ti, eu não consigo não pensar. Mas isso é bom. É o meu momento, vou ali com os meus botões, com os phones nos ouvidos, a pensar na vida e nas minhas coisas. E sabe mesmo bem!
Exatamente mesma razão que me levou, há uns a os, a apaixonar-me pelas corridas. Não penso em nada e penso em tudo, é o que costumo dizer. E além disso, ao correr, poder olhar à volta e agradecer. Os resultados vêm depois e claro, o espírito das corridas é qq coisa de extraordinário (o da meia de lisboa é fantástico, fiz há dois anos) 🙂 beijinhos, vais conseguir