Não sei quantas foras as vezes. Não sei se foram muitas ou nenhuma. Mas hoje escrevo sobre isso de uma perspetiva diferente. Quando comecei este blog não fazia ideia do que era isso da blogosfera. Ao contrário da maioria dos bloggers que começa um blog porque já é leitor e já anda por aqui, eu não lia blogs. Não lia ponto. Não fazia ideia do que era isso de ter um blog. E comecei por escrever de forma muito infantil (acho que às vezes – muitas vezes, ainda o faço). Brincalhona. Ingénua. Completamente transparente e genuína.
Este espaço foi sempre um escape. Para tanto. Para tanto de bom. E para muito de mau. Há quase meia dúzia de anos, quando escrevi o primeiro texto, não fazia ideia de que ia andar por aqui passado todo este tempo. Não fazia ideia de que se ia tornar um espaço (tão) público. Não imaginava que a minha família e amigos viessem a ter conhecimento destes disparates. Muito menos, que viessem a tornar-se leitores assíduos dos mesmos.
Há quase seis anos estávamos a viver um momento de alívio temporário naquela que foi a pior tempestade das nossas vidas. E há seis anos acreditava que hoje ela estaria cá ao nosso lado. Viva. E feliz. Não está. A maioria de vocês estava cá nessa altura e continua por cá. E por isso e para que não esqueçam (eu não esqueço): obrigada.
Mas se há seis anos não esperava perder a metade do bolo, se há seis anos não esperava ter de viver sem ela, hoje sei que é possível viver sem ela, vivendo com ela. Há seis anos não sabia (não sabíamos) nada do que escrevia naqueles três cadernos que andavam com ela para todo o lado. E que hoje andam com a minha mãe para todo o lado. Há seis anos não sabíamos o que ela escrevia, é certo. Mas também não queríamos saber. Era esse o acordo. Se ela morresse os cadernos eram nossos. Apenas e se ela morresse. A verdade é que infelizmente os cadernos passaram para as nossas mãos. E o que esses cadernos representam é só o nosso maior tesouro. Os cadernos são ela. Ela vive nos cadernos. Ela vive em nós. Nas nossas memórias. Nos nossos cheiros. Nos nossos dias. Ela vive. Se eu preferia que vocês não conhecessem o que ela escreveu? Sim. Significava que a tinha aqui. Mas acredito na máxima de desejar o melhor para os meus. Acredito que isto foi o melhor para ela. Tenho de acreditar. E o melhor também significa continuar. Continuar a viver como ela viveu. Continuar a viver como vivemos juntas. Significa amar. Sempre. E o dia 8, sempre o dia 8, o tão especial dia 8, vai ser mais um dia especial. E é um orgulho ter as palavras dela aqui.
E este texto é fantástico. Que ela continue a sorrir nestas palavras e nas memórias. 🙂