Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

O agridoce do (meu) Outono

Para ela é um recomeço. É o início do ano dela. Para mim é um período nublado. Cinzento. Melancólico.

Eu decoro tudo. Acho que já disse aqui que tenho essa veia de terceira idade dentro de mim. Datas de nascimento, telemóveis, nomes completos, you name it. [O que tem de bom, também tem de mau. Não posso dizer “ah, que cabeça tonta que me esqueci” porque é mentira, não esqueci.] Por isso não associo o Outono aos (meus) marcos felizes do Outono. O nascimento da minha filha. O aniversário do meu pai. O regresso às aulas quando éramos miúdas. Os meus avós a irem buscar-nos (ainda) mais cedo. O aniversário do avô. O cheiro a livros novos. A nossa lua-de-mel.

Não. Para mim o Outono será sempre melancólico. Cinzento. Não digo negro. Não posso, não tenho esse direito –  afinal aconteceu-me tanto de bom neste período, e não é de mim. Mas é nublado. É, dos dois piores anos da minha vida, o pior período. Marcado pela tua recaída. Pelos planos por água abaixo. Pela esperança roubada. Pelo teu último aniversário. Pela infiltração do sistema nervoso central. Por dias frios. Difíceis. Duros. E muito, muito, muito dolorosos.

Para mim o Outono é triste. E com a ida deste breve Verão fora de época, acentua-se mais a sensação de nostalgia melancólica com a chegada dos verdadeiros dias de Outono. Frescos. Cinzentos. E tristes.

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“O agridoce do (meu) Outono”

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