Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Nunca é demais agradecer.

Hoje li um texto sobre a forma como são tratados os nossos doentes nos hospitais. O desprezo, a despreocupação, a falta de atenção.

 

O não perguntar por que motivo não comeu.

 

O não perguntar como se sente.

 

O não perguntar se dormiu bem.

 

A ausência total de qualquer diálogo como se quem está deitado numa cama de hospital fosse um boneco em estado vegetativo sem interesses (e sem interesse), sem necessidades, sem preocupações, sem dores, sem nada.

 

E se sei que, sendo esta realidade verdade, deve ser dita, também sei que devo clamar e agradecer pela nossa verdade.

 

Pela realidade que vivemos e tivemos.

 

Com a Nídia, a preocupação, os cuidados, a dedicação e a atenção de todos os profissionais eram os mesmos como se de um familiar deles se tratasse…

 

A inclusão nas brincadeiras entre eles, a partilha de conversas, a preocupação com os familiares, a atenção e carinho extremos com ela e connosco.

 

Se sei que nem todos são assim e que nem todos os doentes e respectivos familiares o permitem? Sei.

 

Mas também é por isso que tenho mais uma vez de vos agradecer.

 

Obrigada por tudo. Mesmo.

11 Discussions on
“Nunca é demais agradecer.”
  • A minha mana é téc. de radioterapia e sei que deve ser uma profissional preocupada e interessada. Já me aconteceu ouvir falar bem dela sem saberem que ela é minha irmã. O orgulho que sinto é algo inexplicável 🙂 Espero que ela e a equipa em que trabalha continuem a ser sempre assim! Mas ela própria reconhece que há pessoas que não foram “talhadas” para as relações humanas com os doentes…
    Beijinhos

  • Olá Me

    Olha, pois eu confesso que quando leio esse tipo de coisas fico logo cheia de comichões, porque tal como tu, não é nada essa a minha experiência durante os anos de doença da minha mãe. Tenho a certeza que a minha mãe não poderia ter sido mais bem tratada do que foi, acarinhada pelos médicos e enfermeiras. Até ao fim.

    Já eu, por exemplo, na minha curta experiência hospitalar, que consiste em ter passado uma noite num hospital privado depois de uma pequena cirurgia, não fiquei nada bem impressionada. Sim, estava num quarto privado, sim senhora, mas não achei que tenha sido bem servida. Fui operada às 8 da noite e quando acordei, pelas 10, fui levada para o quarto. Pedi ao meu pai que, ao sair, me chamasse uma enfermeira para me ajudar a ir ao wc, que nunca apareceu. fui sozinha, acabadinha de acordar e correndo o risco de me ter espetado no chão, e de ninguem me ter encontrado até de manhã. depois, de manha, antes de sair, a enfermeira perguntou-me “consegue tomar banho sozinha, não consegue, e eu achava que sim, de modo que ala. pois, afinal não conseguia lá muito bem, e fui para casa cheia de betadine por todo o lado. Honestamente, acho pouco provável que isto tivesse acontecido num hospital público…

    Mas talvez tenhamos apenas tido sorte.

  • Querida Me, em relação ao meu pai que foi assistido anos, no IPO de Lisboa, só tenho elogios a fazer a toda equipa que o cuidou. Já não está entre nós, já foi há uns bons anos, mas relembro a simpatia e o cuidado que com ele tiveram, sempre!
    Quanto ao meu sogro, que faleceu há um ano e esteve internado 2 semanas em Braga, foi exactamente como descreveste e mais: nunca houve uma atitude de explicação ao familiares, do que se ia passando. Era necessário andar horas pelos corredores do hospital, para falar com o médico responsável!

  • Oi,

    Eu tenho duas, experiências muito distintas. Uma no IPO no Porto, onde todos os profissionais têm sim uma postura muito diferente perante o utente, desde os médicos aos voluntários (que em muito admiro). Sé tenho um reparo a fazer aos auxiliares médicos, não percebo porquê são sempre básicos e tocam o mal educado, enfim. De resto é tudo 5 estrelas.
    Outra situação aconteceu com o meu filho no Hospital de São João, e lamento muito nunca me ter estado para chatear, e ter processado o hospital ou pelo menos as enfermeiras da enfermaria de cirurgia pediátrica. O caso foi desde o meu filho ser colocado a dormir num berço onde não cabia e tinha de estar todo encolhido, recusarem a dar-lhe a medicação porque o bébe (sim tinha um ano e meio é um bébe) tinha medo dos enfermeiros, portanto os pais que dessem, ser colocado a dormir num corredor, darem-lhe um berço enferrujado quando o maior risco era uma infecção. Estivemos um mês a espera de fazer um transplante de pele quando a sala de operações raramente era usada.
    Aconteceu que ao fim de um mês, resolvemos ir embora e o meu caso foi resolvido pelo mesmo médico que o iria operar no são João, mas acabou por ser num hospital privado.
    Neste tipo de situações, quando achamos que não fomos devidamente atendidos acho que devemos reclamar os nossos direitos, para que de uma próxima vez estas situações não aconteçam.

  • Infelizmente durante todo aquele tempo que passei com a minha avó no hospital vi péssimos profissionais, pessoas insensíveis, pessoas que viam tudo como uma obrigação.
    Mas também conheço a outra parte da história, quando vejo o meu marido (e felizmente, tantos outros profissionais de saúde) a dedicarem-se de alma e coração aos seus pacientes e sei que dariam tudo para os salvar.
    Cada vez mais os profissionais desta área são de extremos.
    E aos bons profissionais, que também se revelam excelentes pessoas deixo aqui o meu MUITO OBRIGADA!

    Beijinhos,
    Bomboca do Amor.

  • Valham-nos os bons exemplos que normalmente não são falados.
    Eu das 3 vezes que estive internada ( 2 partos e 1 cirurgia a um tumor) não tenho razão de queixa. Os partos foram no HGO e a cirurgia no Hospital S. José…em ambos tive boas equipas a dar-me toda a atenção necessária, sem exageros pois não era “caso” disso. Como em todo lado, há de tudo. Serei novamente operada em breve e em relação a isto, não estou com qualquer receio.
    Beijinhos

  • Olá 🙂

    Venho por aqui de vez em quando ver os escritos, e este não puder mesmo deixar passar (quer dizer já ouve outros, mas…).
    Sou estudante de saúde, e conheço um bocadinho do meio interno (talvez há quem perceba mais quem sou eu…). Muitos dos poucos profissionais que são pouco profissionais muitas, mas muitas vezes têm ordens superiores para cumprir! Têm muitos casos, muitos pacientes para ver, para tratar, para arranjar… Todo o tipo de cuidados. Os superiores é que exigem cada vez mais (e nada contra) mas sem dar meios e suporte para isso tendendo a reduzir salários e pessoal. Também são humanos que ali andam, por vezes fazendo turnos e turnos…

    Sei que este não foi o ‘seu’ caso e ainda bem, MESMO!
    Peço desculpa pelo meu pequenina chamada de atenção, talvez ‘mais do mesmo’…

    Beijinhos. E acredito que tem essa luz muito protectora para si e para os seus*

  • Eu que sou enfermeira, e todos os dias tento dar um pouco daquilo que sou e do carinho que tenho aos meus doentes, só quero agradecer e louvar o reconhecimento que nos dás a nós e aos restantes profissionais de saúde.
    Se por um lado existem pessoas que se comportam de forma errada ou menos humana, por outro existem pessoas que realmente se preocupam e dão o que de melhor têm.
    Obrigado por reconheceres isso 😉 porque sendo eu uma das profissionais que, pessoalmente, penso ter o comportamento que considero mais “humano” e correcto para com a pessoa de quem cuido, nem sempre recebo a devida apreciação e o reconhecimento daquilo que fazemos, damos e entregamos de nós.
    Por tudo isto, muito obrigado 😉

    PS – Muitas felicidades para a bailarina ou princesa que está para vir 😉

  • Felizmente, também tive sempre a sorte de ter a minha mãe rodeada de excelentes profissionais, dedicados, carinhosos e atenciosos com as necessidades da minha mãe… ela ainda cá está (felizmente) mesmo com quase 25 anos de doença e muitos muitos internamentos prolongados, muitas enfermeiras, médicos e auxiliares que passaram pelas mãos dela, e em todos estes anos, sempre nos sentimos o melhor possível tendo em conta as circunstâncias… sempre dedicámos os mais sinceros agradecimentos a toda a equipa da medicina geral no HD Fig Foz…
    🙂
    tudo de bom, felicidades pelo bébé e que sejas sempre o mais feliz possível…

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