choras mais num só dia do que a tua irmã chorou em seis anos. choras porque tens sono. choras porque tens sede. choras porque tens fome. choras porque és contrariado. já conversámos sobre a minha intolerância ao barulho mas teimas em fazer de surdo.
partes jarrões e frascos de verniz. róis móveis e sapatos. róis bolas e garrafas de água. estragas as fitas das chupetas e os autocolantes da tua irmã. a tua brincadeira preferida é atirar com as coisas ao chão esperando que se partam. já destruiste mais cá em casa do que os outros três habitantes juntos nos últimos anos.
abres garrafas de água que despejas pela cabeça abaixo. sobes e desces do sofá em nano segundos. escalas a estante como uma aranha. sempre que cais nem um pio. mas há três meses que andas sem andar porque te recusas a largar o dedo auxiliar de segurança. mesmo quando corres (literalmente correr) durante duas horas atrás da bola. destemido mas pouco.
comes este mundo e o outro. sopa. pão. carne. arroz. peixe. fruta. e mamas. lambes os lábios, mastigas e saboreias. o dna é uma cena do catano.
não há dia em que não te ameace de tareia ou que deseje atirar-te pela janela fora. és um diabrete a sério. mas és tudo o que desejávamos que fosses. e mais ainda. parabéns rodri.