[Nota prévia: está tudo bem]
Fui feliz quando tinha sete anos e a minha única preocupação era ter a certeza de que não perdia o aparelho dos dentes durante o almoço na escola.
Fui feliz quando tinha doze anos e a minha única preocupação era ter a certeza de que eu e as melhores amigas (da época) ficávamos na mesma turma.
Fui feliz quando tinha dezasseis anos e namorava o borracho da escola (ainda que nessa altura ainda não percebesse o que era isso de “um amor para a vida toda” e não soubesse que era isso que tínhamos os dois).
Fui feliz quando tinha vinte e cinco anos e casei com o amor da minha vida, apesar de nessa altura já ter a maior dor da minha vida.
Sou feliz agora com trinta e cinco anos. Adulta. Mulher. Mãe. Transformada em filha única. Órfã de irmã.
Não quero voltar a ser feliz porque tive mais uma batatinha no ditado.
Não quero voltar a ser feliz porque no final do primeiro período fui corrida a cincos.
Não quero voltar a ser feliz porque tenho treze anos e vou ao baile de finalistas da secundária com o vestido mais giro da festa.
Não vou voltar a ser feliz com coisas que já passaram, não voltam mais e tampouco quero que voltem.
Quando temos seis anos não prezamos as horas livres dos três meses de férias grandes para não fazer nada.
Quando temos doze anos não sabemos escolher o próximo livro que vamos ler e por isso invariavelmente zarolhamos.
Quando temos dezoito anos não sabemos fazer amor. Achamos que sim mas estamos só redondamente enganados.
Quando temos vinte e cinco anos não sabemos estimar aquela recuperação quase milagrosa de qualquer bebedeira.
Hoje cliquei num ícone no computador e abri o resultado de uma biopsia. Pela segunda vez na vida.
Ontem queria ter-te dito que podia morrer hoje porque morria feliz mas achei que era brincar com o destino.
Digo-te hoje. Sem medo. Sem receio. Amanhã posso morrer feliz. Obrigada pelos filhos maravilhosos. Obrigada por vinte anos estrondosos. Obrigada por nos termos encontrado.
Não quero voltar a ter seis, nem doze, nem dezoito, nem vinte e cinco. Quero viver agora, com a sabedoria que tenho agora e com aquela que sei que ainda me falta.
Que declaração tão bonita e que bom que está tudo bem.
Ser feliz hoje, devia ser o nosso mote sempre.
E que fotografia linda (mais uma, que inveja :))!