Detesto ouvir choro. Sobretudo o das crianças. Não, não pensem que é por razões românticas porque não é. Detesto ouvir o choro de crianças (das minhas ou das dos outros) porque me enerva.
(Sou, de uma forma geral, sensível ao ruído… E depois ainda fico espantada que ela também seja.)
A Maria nunca foi chorona. Nem pouco nem muito. Ela não é de chorar por razão nenhuma.
O gordo, sendo mais próximo de um bebé “normal”, não se pode, ainda assim, apelidar de chorão.
(Não tenho anti-corpos para o choro.)
Hoje passou a noite a dormir choramingando. Ou a chorar dormindo. De vez em quando lá o ouvia queixar-se, metia-lhe a chucha e calava-se. Às 5h da manhã dei-lhe mama, numa tentativa vã de o sossegar.
Às 7h30 acordou. Acordou-nos.
Quando eles saíram às 9h de casa, arrumei a cozinha, liguei a roomba (sei que já pediram, hei-de escrever sobre a dita) e vim para o sofá tentar adormecê-lo.
Aninhou-se. Trinta segundos. Esperneou. Aninhou-se. Trinta segundos. Choramingou. Isto. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Desisto. Tapete. Brinca. Impaciente outra vez. Peguei nele. Aninhou-se. Trinta segundos. Esperneou. Aninhou-se. Trinta segundos. Choramingou. Isto. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Desisto. Tapete. Brinca. Impaciente outra vez. Peguei nele. Aninhou-se. Trinta segundos. Esperneou. Aninhou-se. Trinta segundos. Choramingou. Isto. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Desisto.
Sentei-o no tapete da sala. Desatou a chorar. E eu, que sou alérgica ao choro, pensei “hás-de chorar até perceberes que tens sono”. Chorou um minuto. Um (é esta a minha margem de tolerância ao choro). Um minuto. O tempo de pegar no telemóvel e começar a escrever este texto. Peguei nele. Acabei agora de escrever. E ele já dorme desde o segundo parágrafo.