Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Dar mama não é fashion

Dar mama não é fashion.

A sério. Não pode ser.

Dar mama não permite vestir tudo e mais alguma coisa. Quer dizer, a pessoa até consegue safar-se com não um, não dois, não três mas!, vários conjuntos nas Zaras deste mundo e afins, só que não é assim à vontadinha. Tem de filtrar e pensar e ponderar e isso, sem sombra de dúvida, não pode ser fashion.

Dar mama não permite usar aqueles biberons giros e alternativos e in. Quer dizer, até dá se a pessoa encarnar a verdadeira vaca leiteira e optar por tirar para depois dar no biberon… Mas, convenhamos, vai-se a praticidade toda do processo da amamentação. Tem de tirar e guardar e anotar datas e depois não esquecer e isso, sem sombra de dúvida, não pode ser fashion. (Até porque as latas de leite artificial são lindas, não é?)

Dar mama obriga a estar sujeita a ter de sacar da dita para fora em qualquer circunstância (desconsiderando o parágrafo anterior). Quer dizer, dá-se mama na mesma: a criança dá sinal e a pessoa corresponde. Mas se estamos num restaurante do Avilez ou num qualquer centro comercial isso, sem sombra de dúvida, não pode ser fashion.

Mas o pior de tudo é que dar mama não permite beber álcool. E há lá coisa mais in do que ter um copo de Batuta na mão? É claro que não. Quer dizer, a pessoa pode pedir um sem fim de cocktails sem álcool, batidos e sumos naturais mas isso, sem sombra de dúvida, não pode ser fashion.

Esta é a conclusão a que chego através da observação das figuras fashion deste Portugal e não só. Enquanto grávidas todaaaaas pela amamentação, parecem quase as madrinhas da marcha – da amamentação entenda-se (que acho que é uma estupidez, a pessoa deve encarar isto de amamentar como tudo o resto: se der fantástico, se não der, fantástico na mesma), mas depois com a criança cá fora vai-se a ver e ao fim de meia dúzia de dias ninguém dá mama.

Eu não sou fanática, aliás, já escrevi diversas vezes sobre isso. Sou zero nazi da mama ou perseguidora. As mamas são minhas e eu faço o que quero com elas por isso as outras mulheres devem fazer o mesmo. E ninguém, absolutamente ninguém, tem nada com isso. Mas este texto um tudo nada sarcástico, surgiu precisamente porque acho que há mesmo um qualquer estigma entre a amamentação e ser in ou fashion. Corrijo, um estigma entre a amamentação e o lifestyle da moda. Dar mama não me identifica enquanto pessoa, não me caracteriza, não me define. Não é um acto a exibir ou publicitar, mas não deixa de ser um acto que não deve ser escondido ou, pior ainda, banido porque não combina com um determinado estilo de vida. Dar mama não é sinónimo de ser alternativa ou naturalista. Não deve estar relacionado com estratos sociais ou formas de estar na vida. É só dar mama. É o acto mais natural de um mamífero. É isso que o define. E é isso que somos. Reitero: é só dar mama. Mais nada. Estejamos vestidas com uma túnica da feira de Carcavelos ou com uma saída de praia Missoni.

[E agora só por causa das coisas, na programação que se segue vamos ter sugestões de Details breastfeeding-friendly.]

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