Chego a casa com uma donzela adormecida nos braços que se enrosca devagar no sofá…
Devagarinho afasto-me e aproveito para escrever… sento-me na varanda grande, com o barulho das folhas das árvores ao vento e o canto dos pássaros que pela manhã aborrece mas que agora embala…
Revejo devagar o dia perfeito que vivemos e adivinho os dias bons que se avizinham… Sorrio sozinha quando penso na notícia fabulosa de ontem e agarro-me a estes momentos felizes acreditando que são o suficiente para afastar as nuvens feias que pairam por aí…
Levanto os olhos com a risota das crianças no passeio a andar de bicicleta e aproveito para espreitar a bela adormecida… Regresso e oiço os sinos da igreja tocar… o tempo passa devagar e continuo a não acreditar que estou assim, aqui, descansada, finalmente a escrever sem destino, sem orientação e sem condicionantes…
As gargalhadas do almoço com piadas nossas que ela ainda não entende e as gargalhadas da tarde com as figuras que uma pequena vaidosa narcisista faz quando anda às compras a ser mimada pelas mulheres da vida dela… Devagar, devagarinho, (quase) parada. Muito ao ritmo dela.
O Sol brilha lá fora, os dias são mais fáceis, alongam-se e embalam-nos devagarinho, aquecem-nos a pele, abrem-nos o sorriso e aliviam-nos o peso das roupas, camadas e mais camadas que vão sumindo e deixando aparecer aquilo que somos…
Amanhã é domingo e eu sei que o dia vai passar devagar… sei que vamos sorrir, sei que vamos gargalhar, sei que vamos ser felizes. Não é preciso muito. Eu, tu e ela. Um chapéu de palha, um fato-de-banho e um creme protector são os únicos apetrechos indispensáveis. Amor e uma cabana. E estes apetrechos.
O Sol agora brilha lá fora, mas se quisermos, pode brilhar sempre cá dentro… vivendo devagar, devagarinho, sem pressas e sem receios…