Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Regressar a Paris | A aventura

Lembram-se deste desejo? É verdade, a sortuda recebeu um miminho exactamente no dia antes da partida para Paris e decidiu imediatamente que tinha de estrear este belo par pelas ruas da cidade do amor.

E assim foi, combinámos que domingo de manhã fazíamos uma corridinha rápida até à Torre Eiffel.

8h e o despertador tocou. Saltámos da cama, equipámos-nos e lá vamos nós. Chegamos à rua e o meu telemóvel volta a desfalecer. Pior, dou conta que não tenho a bolsa de antebraço para o levar. Sem stress. Ele tem bolsos e fica com ele. E lá vou eu, fresca e fofa e LEVE, sendo que leve quer dizer só com a roupinha que tinha no corpo e mais nada. Nem telemóvel, nem cartão chave do hotel, nem dinheiro.

E ele começa a correr. E eu digo a mesma lengalenga do costume: “é por isso que dizes sempre que não consegues fazer mais do que 5 km, a essa velocidade ninguém consegue”. E o homem abranda. Para p’raí 4 minutos por quilómetro.

E corremos. Em direcção à Torre. E ele vai à frente. Meia dúzia de metros. E eu digo-lhe uma vez para atravessar a estrada e ele não ouve. E grito e ele ouve. E atravessa. E corremos. E ele vai à frente. Uma dúzia de metros. E atravessa a passadeira e eu apanho o sinal de vermelho. E chamo uma vez e ele não ouve. E duas e ele não ouve. E três e ele não ouve. E o sinal fica verde. E entretanto já não o vejo. Mas vejo a Torre. E continuo a correr. E passo por um mercado de rua. Daqueles que tem mesmo pinta de sítio onde ele pararia. Mas não posso parar porque “e se ele não parou?”. E abrando o ritmo e vou acompanhando o mercado. E o mercado acaba. E a Torre que estava à minha frente já não está. Agora está à minha esquerda. Então viro. E corro. E há uma rua. E outra. E meto por uma ruela. E corro. E vejo-o lá ao fundo. E acelero. Mas afinal não é ele. E não vejo a Torre. E procuro. E a Torre, que estava à minha frente e depois à minha esquerda, está agora à minha direita. Mas já estou cansada. E começo a abrandar. E começo a arrefecer. E começo a ficar com frio. E começo a ficar irritada “E se ele não está lá na Torre? E se ele também se pôs a correr sem sentido à minha procura?”. E não tenho telemóvel. E não tenho dinheiro. E desespero porque nunca mais chego à Torre e já estou a ficar de rastos. E penso que se não o encontrar já não estou em condições de voltar para o hotel a correr. E só penso que foi uma bela ideia. Not.

E chego aos jardins da Torre. E vejo ao fundo um perfil familiar. E sorrio. E digo-lhe que nunca fiquei tão feliz ao vê-lo. Nem mesmo no altar. E ele sorri e diz “Eu sei. Estava espelhado na tua cara.”

Untitled

E pode ter sido uma ideia da tanga. Mas temos uma história para contar.

[Ténis e sweat Adidas; corsários Sportzone]

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