Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Isto não é sobre política

Artigo 10.º
Sufrágio universal e partidos políticos

1. O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição.

2. Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política.

 

Isto é sobre direitos. Morais. E obrigações. Morais também. Claro.

Aquilo que me dá o direito moral de não comparecer em manifestações públicas (des) organizadas, privilegiando uma ida à praia é precisamente a obrigação que sinto para com o meu direito ao voto.

Em dia de manifestação é esta obrigação que sinto pelo meu direito ao voto que me permite ficar de consciência tranquila com o rabo alapado no sofá. Por quê? Nunca poderão criticar-me por ficar em casa em dia de voto. Nunca. Seja em branco, seja no último partido da lista, seja em modo um-dó-li-tá, é um direito meu e também uma obrigação. Exercer o meu direito de voto é a única que coisa que me dá o direito de ir para a praia em dia de manifestação.

E pronto, infelizmente, o que se esperava (ainda que não se deseje), aconteceu. Por isso, face à abstenção verificada, não posso duvidar que a maioria das alminhas que critica aqueles que como eu não alinham em manifestações públicas faz parte desta larga parcela que não alinha nas assembleias de votos. Sabem, todos temos o direito à manifestação pública, que temos. Mas, mais que um direito, todos temos a obrigação do voto.

O voto em branco, o não acreditar, é um direito. E se não nos valermos dele, então de nada serve qualquer lamento. E por lamento, entenda-se manifestação também.

E não me vou consumir mais com isto.

4 Discussions on
“Isto não é sobre política”
  • Tens muita razão, mas infelizmente até nas ditas eleições não há democracia. Vejamos, uma pessoa não concorda com ninguém nem com nenhum partido, ou seja, exerce o seu direito, mas fá-lo em branco. E o que isto conta? Nada… Se ao menos os votos em branco dessem lugares em branco, de certeza que muitas pessoas não ficavam em casa e já isto teria levado uma volta muito grande. Neste momento as pessoas não acreditam em ninguém, acreditam no seu umbigo e pouco mais, a maioria não se sente na obrigação de participar na vida democrática, porque não conseguem ver benefícios nisso e sentem na pele que não estamos numa democracia. Não defendo quem não vota, mas consigo entender o sentimento das pessoas. Fui votar… mas apenas para ficar bem com a minha consciência.

  • Concordo a 100% contigo. Voto há 12 anos e nunca mas nunca faltei a umas eleições. Se um dia tiver de faltar será de certeza por um motivo de força maior.
    A minha avó vai sempre votar, as pessoas da idade dela sabem o que era haver eleições nas quais elas não podiam votar e o que custou a conquista do voto e por isso valorizam este (direito) dever

  • Obrigada. A maioria das pessoas que não se identifica com nenhum dos partidos – inclusivamente os que estão em toda e qualquer manifestação, seja contra ou a favor do que for, essencialmente porque se faz um bocado de barulho contra “esta cambada toda”, “estes corruptos”, “estes meninos de rabo virado para a lua” e outros menos próprios – sente, porque não sabe, que o voto em branco é o mesmo que o não voto. Se as pessoas fizessem o que lhes cabe, leia-se votar, o voto em branco neste momento arrecadava provavelmente mais de 50%. Mas acham que não faz diferença; que fazer barulho, manifestações e greves é que tem resultados. A propósito, não sou nem contra as manifestações, nem contra os partidos, nem faço parte de nenhum.

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