Artigo 10.º
Sufrágio universal e partidos políticos
Isto é sobre direitos. Morais. E obrigações. Morais também. Claro.
Aquilo que me dá o direito moral de não comparecer em manifestações públicas (des) organizadas, privilegiando uma ida à praia é precisamente a obrigação que sinto para com o meu direito ao voto.
Em dia de manifestação é esta obrigação que sinto pelo meu direito ao voto que me permite ficar de consciência tranquila com o rabo alapado no sofá. Por quê? Nunca poderão criticar-me por ficar em casa em dia de voto. Nunca. Seja em branco, seja no último partido da lista, seja em modo um-dó-li-tá, é um direito meu e também uma obrigação. Exercer o meu direito de voto é a única que coisa que me dá o direito de ir para a praia em dia de manifestação.
E pronto, infelizmente, o que se esperava (ainda que não se deseje), aconteceu. Por isso, face à abstenção verificada, não posso duvidar que a maioria das alminhas que critica aqueles que como eu não alinham em manifestações públicas faz parte desta larga parcela que não alinha nas assembleias de votos. Sabem, todos temos o direito à manifestação pública, que temos. Mas, mais que um direito, todos temos a obrigação do voto.
O voto em branco, o não acreditar, é um direito. E se não nos valermos dele, então de nada serve qualquer lamento. E por lamento, entenda-se manifestação também.
E não me vou consumir mais com isto.
Tens muita razão, mas infelizmente até nas ditas eleições não há democracia. Vejamos, uma pessoa não concorda com ninguém nem com nenhum partido, ou seja, exerce o seu direito, mas fá-lo em branco. E o que isto conta? Nada… Se ao menos os votos em branco dessem lugares em branco, de certeza que muitas pessoas não ficavam em casa e já isto teria levado uma volta muito grande. Neste momento as pessoas não acreditam em ninguém, acreditam no seu umbigo e pouco mais, a maioria não se sente na obrigação de participar na vida democrática, porque não conseguem ver benefícios nisso e sentem na pele que não estamos numa democracia. Não defendo quem não vota, mas consigo entender o sentimento das pessoas. Fui votar… mas apenas para ficar bem com a minha consciência.
Concordo tanto!
http://www.prontaevestida.com
Concordo a 100% contigo. Voto há 12 anos e nunca mas nunca faltei a umas eleições. Se um dia tiver de faltar será de certeza por um motivo de força maior.
A minha avó vai sempre votar, as pessoas da idade dela sabem o que era haver eleições nas quais elas não podiam votar e o que custou a conquista do voto e por isso valorizam este (direito) dever
Obrigada. A maioria das pessoas que não se identifica com nenhum dos partidos – inclusivamente os que estão em toda e qualquer manifestação, seja contra ou a favor do que for, essencialmente porque se faz um bocado de barulho contra “esta cambada toda”, “estes corruptos”, “estes meninos de rabo virado para a lua” e outros menos próprios – sente, porque não sabe, que o voto em branco é o mesmo que o não voto. Se as pessoas fizessem o que lhes cabe, leia-se votar, o voto em branco neste momento arrecadava provavelmente mais de 50%. Mas acham que não faz diferença; que fazer barulho, manifestações e greves é que tem resultados. A propósito, não sou nem contra as manifestações, nem contra os partidos, nem faço parte de nenhum.