Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Obrigada.

E depois eu sou parola. Porque isso de viver a vida a sorrir e de dizer que se é possível ser (quaseeeee) sempre feliz é uma parolice. É de parolos acomodados. É de parolos pouco ambiciosos. É de parolos que não sabem o que custa a vida. É de parolos que se exibem.

Não. É de quem, mais do que ter vivido a morte ao lado, viveu com seres extraordinários.

Obrigada à minha irmã. Obrigada ao pai da Catarina. Obrigada ao Manuel.

[o cancro]

nestes momentos em que o cancro se torna assunto é inevitável pensar no meu pai. não nas saudades que tenho mas na doença que o matou. o meu pai foi, durante toda a vida, e muito por consequência da morte da minha avó com um cancro muito doloroso, um homem triste. aquelas pessoas sempre com duas rugas na testa, zangado com a vida. quando o meu pai descobriu que tinha cancro, não ficou zangado, entregou-se aos médicos e mostrava uma serenidade brutal. depois da primeira operação, em que lhe foi removido um tumor maior que uma bola de futebol, o meu pai mudou. fizemos viagens, mimou a minha mãe, passeava, jantava fora e sorria. disse-nos: uma vida inteira de trombas para ver a vida ir-se embora assim.

Catarina Beato, dias de uma princesa

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“Obrigada.”

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