Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Antípodas?

Relação nenhuma se mantém por factores estéticos. Não me mantenho amiga dos meus amigos por serem gordos ou por serem magros. Morenos ou louros. Com a barba aparada ou não. Com a depilação em dia ou em versão mulher das cavernas.

É verdade que não.

Também não me mantenho casada porque o meu marido tem olhos cor de mel no Inverno e verdes no Verão. Por não ter rugas e continuar a ter cabelo.

É verdade que não.

Mas também é verdade que não compreendo a ingenuidade de quem diz que qualquer preocupação com o aspecto – seja roupa, cabelo, pele, corpo, whatever, não passa de uma preocupação fútil, sem qualquer espécie de valor acrescentado.

Não entendo quem afirma que não se pode ser simultaneamente vaidoso e culto… Roçando o extremo, como se inteligência e beleza fossem duas características genéticas impossíveis de coabitação no mesmo ADN.

Esboçar um sorriso é meio caminho andado para sentir vontade de esboçar esse sorriso.

Sentirmo-nos lindas e femininas é meio caminho andado para nos sentirmos mais enérgicas, mais animadas e, consequentemente, influenciar quem nos rodeia com essa energia positiva. Na mesma lógica, ter à nossa beira pessoas que emanam essa mesma energia, é igualmente contagiante.

Por isso não, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. É possível ser (muito) vaidosa e gostar (muito) de ler Saramago. E não me venham dizer que não.

11 Discussions on
“Antípodas?”
  • Fizeste-me agora lembrar alguns “What Not to Wear”, em que as distintas concorrentes, nestes casos invariavelmente académicas, se horrorizavam com a perspectiva de alterarem para melhor os seus aspectos, por sentirem que estariam a violar os seus princípios e valores estruturais, por sentirem que uma imagem melhorada faria delas (aos olhos dos outros? ou delas mesmas?) menos inteligentes e mais bimbas. Mais fúteis. Enfim. Não entendo como tantas vezes a inteligência e a cultura podem coabitar com a pobreza de espírito.
    Eu não sou ninguém para falar. Embora assuma o meu estilo descontraído, laid back, nunca deixei de ser vaidosa nem cuidada; no entanto, não tem sido isso que reflicto no espelho, mas isso acontece por motivos de força maior e que não vêm ao caso. Não têm nada a ver com crenças e valores. Essa justificação, para mim, não tem pés nem cabeça. Que maior motivo de orgulho pode haver para uma mulher do que ser e sentir-se bonita, cuidada, feminina, e ao mesmo tempo inteligente e culta? Bolas…

  • Ora nem mais.

    É isso e o dizeram que TODAS as modelos são burras.

    Por exemplo, fui professora de matemática da Sara Sampaio, ela era a melhor aluna da sala, metia qualquer um no bolso, o seu raciocínio é para lá de estrondoso e sem grande esforço tinha 5 a tudo. Está na faculdade, mesmo que agora ausente, inscrita num curso de matemática. Claro, que dá entrevistas que denuncia fragilidade, mas simplesmente porque é uma miúda.

    Como este há infinitos exemplos por aí, e por aqui neste blogue 😉
    Por isso, não me venham com balelas de que vaidade e sabedoria são coisas que não cabem no mesmo saco. Inveja Me, é o que é!

    Sou muito vaidosa, gosto de Saramago q.b e sou louca por números! Vai-se a ver e não sou deste planeta!

  • Sinceramente, eu acho que uma coisa não tem nada a ver com outra… São diferentes aspectos da nossa personalidade que não se anulam uns aos outros…
    Acho é que há pessoas que gostam de acreditar nisso…

  • Confesso que partilhei durante algum tempo de uma versão soft desse mal. Acho que acontece muito frequentemente sem sequer as pessoas darem conta. Para mim, não se tratava de beleza e inteligência, nem sequer de vaidade ou preocupação com a parte estética e cultura. Acho que, como se criou o estereótipo de que os génios são ratos de laboratório que não vêem sol há anos (na parte da arte o estereótipo é outro, mas acho que quanto às ciências duras e até já às sociais este é de facto o estereótipo), se criou o oposto de que mulheres de cabelo arranjado, unhas pintadas e saltos não podiam passar de coisas para alegrar a vista. Como disse, não se trata de beleza e inteligência, mas de um certo tipo de pessoas que, por dedicarem tanto à parte estética, se assume que não podem então dedicar-se à cultura (ainda que de cultura num sentido muito clássico e limitado se trate). Entretanto, crescemos, o tempo passa, olhamos à nossa volta e, como eu, percebemos que a miúda mais gira da faculdade que anda sempre arranjadinha é um génio sem ser pseudo-intelectual. Pior, é tão simpática! Assim sendo, o lema tornou-se: se é possível, e cada vez mais o é, pormo-nos mais bonitas e sentirmo-nos melhor e pôr o nosso conhecimento a melhor uso porque nos sentimos melhor, pouco inteligente seria não o fazermos. Muito obrigada por esta divagação Me, um beijinho

  • Aliás,penso que pessoas inteligentes percebem que cuidar de si e manter uma boa aparência é algo até bastante importante.Afinal não é necessário estar o dia todo em frente ao espelho para se estar apresentável.Futilidade é pensar que um homem ou mulher bonitos e com apresentação são obrigatóriamente pessoas burras.
    Pensei que já se tinham ultrapassado este tipo de estereótipos.

  • Nada na vida é impossivel!!!
    É mesmo possivel ser-se gorda, vaidosa, linda, maravilhosa e culta. porque a elegância é e será sempre uma atitude…
    Ahhh basta é ter noção do que somos e quem somos 😉
    Não nada de calças 36 num corpo 44 e rosa clarinho ou branco ihihihihi (que memória a minha 😀 )
    Beijinho

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