Quando alguém que amamos parte, restam-nos as lembranças – nostalgia quase sempre romantizada, floreada e até exponenciada.
Gosto de acreditar que as memórias que tenho são exactamente iguais ao passado real que vivi (que vivemos). E, em plena época natalícia, as memórias pululam no meu coração… O leitão comprado pelo meu avô nas ocasiões festivas passou a ser encomendado pelo meu pai. Os cabritos que ele escolhia… Bem, corri (corremos) meia Lisboa à procura de um cabrito. E a receita do bolo da avó Lurdes que o avô adorava não foi com ele. Mas a vontade dela sim. Restou-me registar a receita enquanto ela se lembra dela para poder preparar o bolo sempre que me apetecer (ou sempre que tiver saudades do meu avô), com a certeza de que este bolo não é nem melhor nem pior do que guarda a minha memória. É apenas o bolo da avó Lurdes… Feito por outra pessoa. E com nozes partidas por alguém que não o meu avô…
Gosto tanto. Há receitas de sabor especial, quando feitas por quem amamos e nos ama de volta.
Sei o que é isso. Não há sopa de feijão como a minha avó L. fazia, biscoitos de azeite como os da minha bisa ou caldeirada como a do meu avô. Infelizmente não vou mais provar nenhuma delas mas restam as memórias (e se as papilas gustativas têm memória…). Cabritos em Lx é mentira, ou conheces alguém que vende ou então… os que comemos nos dias de festa ainda vêm da “terra”, até ver.
Até há pouco os cabritos que comíamos eram escolhidos ainda vivos pelo meu avô…
Me,
Este bolo é simplesmente magnifico, uma receita que já consta no meu caderninho de receitas.
Muito bom mesmo.
Obrigada por partilhar a receita.