Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

A cumplicidade na vida…

Há cumplicidades intrínsecas.

Há cumplicidades naturais.

Há cumplicidades adquiridas.

Sentimos cumplicidade em situações agradáveis e outras não tanto.

Sentimos cumplicidade com momentos. Com locais. Com memórias.

Quando leio ou ouço histórias de recém-mamãs não consigo sentir cumplicidade com a maioria daquilo que é relatado. Não porque não quero. Não porque sou insensível. Mas tão só e apenas porque não vivi tais situações.

Não sou melhor nem pior. Não tenho uma filha mais ou menos linda. Mais ou menos perfeita. Mais ou menos espectacular. É a minha filha como ela é.

Mas a verdade é que não sei o que é o desespero de ver o nosso filho sofrer com cólicas. Não sei o que é o desespero de se precisar de dormir porque se tem um filho que acorda de duas em duas horas. Não sei o que é o desespero de sofrer com a amamentação. Não sei. E isso não faz de mim melhor ou pior. Tampouco faz da minha filha melhor ou pior.

Sei de outras coisas. Não tão boas. Das quais já escrevi muitas vezes. E, infelizmente, é para com as pessoas que passam por situações semelhantes que sinto cumplicidade.

Quando alguém escreve sobre o sofrimento que é passar noites em claro por mais motivo nenhum que não as malfadadas insónias… Quanto alguém relata a angústia que é ver sofrer alguém que amamos e por quem daríamos a vida mesmo sabendo que isso não lhe daria saúde… Quando alguém canta sobre a saudade daqueles morreram demasiado cedo (morre-se sempre demasiado cedo)… É nestes “quandos” que sinto cumplicidade.

Por isso não me venham falar de ter a mania que sou um espectáculo e que tenho uma filha fantástica e que finjo que tudo me corre bem. Se há coisa que sou desde que nasci é transparente. Quando estou feliz, estou. Quanto estou triste, estou. Quando a vida me corre bem, corre. Quando não corre bem… well, estamos aqui para tratar de que corra bem. Não para fingir ou para ser os maiores.

Estamos aqui para viver.

17 Discussions on
“A cumplicidade na vida…”
  • É como já disse em comentários anteriores. Tens uma filha abençoada (tens a certeza que não é uma boneca? Estou a brincar e não a ser irónica, ok?! 🙂
    Tens mesmo muita sorte na menina que te calhou e que Deus a conserve assim.
    Eu sei o que é ter noites mal passadas por causa da minha filha e sei o que é a perda de uma das pessoas mais importantes da minha vida, por isso estou nos 2 lados.
    Nós mesmo que as coisas não nos corram bem, temos de dizer que está tudo bem (apesar de eu não conseguir colocar isto em prática, sou muito sincera), uma vez que de nada irá servir as lamúrias ou compaixões (nunca resolvem nada) e ao dizermos: “Está tudo bem”, vamos acreditando que é verdade e as coisas vão-se resolvendo. Deus está no comando de tudo – Acredito nisto!!

  • É muito verdade e podemos sentir empatia, mas saber o que sente por lembrança do que já se sentiu, não. E as pessoas esquecem muito que se umas coisas nos correm bem, outras correm mal.
    Curiosamente encontro em ti alguém da blogosfera que também não passou por grandes dramas da gravidez, parto e pós parto. E temos bebés que comem bem e dormem bem, ainda que o meu tenha tido os seus momentos nas sestas. Temos pena, não há dramas…

  • A.bsolutamente Me.« Estamos aqui para viver ».
    Mas há que admitir, que,concretamente à sua filha considere-se ABENÇOADA por Deus.
    Eu também me considero ABENÇOADÍSSIMA.
    E a minha filha teve cólicas.
    Muitas.
    E sofri com a amamentação.
    O suficiente.
    E tive noites de sono « reduzido ».
    E tive DORES de parto.
    Q.B.
    E a minha filha não é a mais linda do mundo.
    É,sim senhor.
    Quanto « às cumplicidades »….. tenho algumas sim.
    Não todas.
    Seria muito pouco honesta se assim o afirmasse.
    Mas compreendo-a.

  • Minha querida,
    Subscrevo.

    Embora não sinta a tal cumplicidade em alguns factos que aqui relatas ( a amamentação para mim ficou-se pelos 10 dias e doeu-me horrores, o meu bebé continua a pedir biberon de 3/3, 4/4 horas, por exemplo) no geral revejo-me na mensagem que aqui tentas passar. E infelizmente, essa tal cumplicidade surge tb no pior que aqui relatas..
    Não ligues ao que te dizem, os cães ladram, a caravana passa e tu permaneces aqui.. igual a ti mesma.. com as tuas alegrias, com as tuas tristezas.. Com aquilo que a vida te faz e oferece..

    beijinho grande nosso para voces

  • As pessoas não percebem que há outras pessoas que simplesmente não gostam de falar das coisas más ou menos boas… o que não quer dizer que não existam.
    Beijinhos

  • Cada um é como é, e cada um tem o que tem.
    Pessoalmente, nunca achei que inventasses alguma coisa pois com o meu 2º. filho aconteceu exactamente como tu contas da tua filha. Do 1º. nem tanto mas foi o que foi. Não acho que tenhas mais sorte, a maior parte das pessoas é que gostam de afirmar os seus infortúnios e nem conseguem olhar para o que têm de bom na vida. Depois acham que só porque os outros valorizam realmente aquilo que é mais importante, inventam coisas. O melhor é passar por cima.

  • Por vezes as pessoas apenas vêm a parte boa das outras pessoas. As outras coisas, aquelas que realmente nos tocam e nos magoam, ninguém se lembra, ninguém vê. Porque se diz que tens uma vida boa, porque tens isto e aquilo. Todos nós temos coisas boas e más. A questão é que temos que nos esforçar para que perante uma situação má, ganhar forças e ver pelo lado do copo meio cheio, por mais que nos magoa. E é como dizes “estamos aqui para viver”.

    Beijooo****

  • Tanta verdade nas suas palavras!!!

    Passei pela perda de alguém muito especial e sinto ainda um aperto no estomago e uma vontade tremenda de voltar a dar um abraço, dar beijinhos ou simplesmente dar-lhe a mão, como fazia quando era pequena. O seu blog tem-me ajudado bastante, obrigada Me! A partilha dessas cumplicidades é uma grande ajuda!

  • Era capaz de jurar que este texto era escrito por mim, mas não é. Foi escrito por ti, mas estou completamente retratada nele. Sofro com o mesmo que tu (infelizmente…) e não sofro com o que, quase, todas as recém mamãs sofrem. Ainda hoje, hoje mesmo!, comentava isso com o homem cá de casa. Sinto-me uma priviligiada por ter tido uma gravidez mais do que espectacular, e por ter uma recém maternidade magnífica (e ao mesmo tempo em jeito de descargo de consciência lá bati 3 vezes na madeira para afastar o mau agoiro!). É que a inveja mora aqui na porta ao lado!!!

  • E pronto cara amiga, a cumplicidade que sinto em relação a ti (ou mais dizendo, tu em relação a mim (sabes porquê!)):
    Tenhos duas crias, uma nasceu em 15 min e calhou de ser no hospital por sorte, a outra idem idem e com 6 dedos de dilatação nada de contrações. Epidural = 0 (nem numa, nem na outra).
    Amamentar? Nem cremes, nem gretas, only uns durõezinhos que passaram rápido.
    Pontos? 2 Exteriores
    Recuperação pos parto? Perfect
    Cólicas? Pouco pouco pouco
    Com 1 mês e meio noites completas.
    Comidinha? Um mimo é o que é.
    Noitadas e farras? a monte, as beldades são um espectáculo.
    E vai de modos, que tens sorte, és “abençoada” nesse aspecto.. e não, como vês, não és a única.
    Cá, por terra ” Nostra” dizem as amigas que tenho partos de gata… e se n fossem os euros e a vidinha bora lá ao terceiro.
    Em relação à tua cumplicidade, dou-te os meus maiores aplausos pela mulher, amiga e principalmente irmã que foste, és e sempre serás.
    Bisoux

  • Sempre o disse: só conseguimos perceber realmente os outros, quando passamos pelas mesmas «dores»… E admitir que não se sente cumplicidade não faz de nós pior pessoa, apenas mais sincera…

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