Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Coisas que me deixam maldispostinha

Um dia destes fomos a um Workshop para Mamãs e Papás.

 

Os temas focados foram apresentados quer por enfermeiras, quer por representantes de empresas relacionadas com os assuntos abordados.

 

O primeiro tema era sobre a crio preservação de células estaminais. E se é verdade que o conhecimento que tenho sobre o assunto é o de alguém mais do que familiarizado com unidades de hematologia (e por isso, transplantes, quimioterapias, leucemias,…) por motivos meramente pessoais, sendo portanto um conhecimento mais escasso e não tão técnico, a verdade é que naquela audiência poderiam encontrar-se profissionais de saúde e com conhecimentos verdadeiramente claros e correctos sobre o assunto. Ora, a Sra. Dra. – como fez questão de se apresentar, mesmo exercendo uma actividade meramente comercial, tinha mais do que a obrigação de investigar e inteirar-se dos assuntos que aborda para vender o que tem de vender e não dizer barbaridades… É que a afluência de gaffes e incorrecções técnicas foi de tal ordem que ao fim de 10 minutos eu já estava com vontade de virar costas e sair…

 

Eu própria, se não tivesse assistido, não acreditaria que alguém que tem de vender aquele produto diria asneiras como ” em casos de leucemia os médicos continuam a fazer quimioterapia antes de transplantar células estaminais porque é uma solução recente e ainda estão reticentes…” – quase como a chamar-lhes preconceituosos. WTF??? Oh minha senhora, os médicos fazem SEMPRE quimioterapia antes de um transplante – quer seja de um dador adulto ou de células estaminais!!! – porque o doente não pode ter quaisquer células da sua própria medula aquando o transplante. Além disso, o receptor tem de estar (ainda que temporariamente) em remissão, ou seja, com a sua medula a produzir células saudáveis, para ser um candidato ao transplante. E para se estar em remissão o que se faz? TCHARAN!!! QUIMIOTERAPIA!!!

 

Menos senhora, menos. É que é graças a pessoas assim, que falam com conhecimento de causa (mas sem conhecimento nenhum), que quem está “de fora” pensa que curar uma leucemia ou um linfoma é ir ali ao banco buscar um dador compativel e taruz, já está.

 

E se é verdade que eu estou particularmente sensível a este tema, também é verdade que penso muitas vezes sobre quantas outras asneiras e incorrecções graves (de outros assuntos para os quais não estou nada sensibilizada) estarão por aí a enganar quem felizmente acredita no que ouve porque não tem motivos para não acreditar…

12 Discussions on
“Coisas que me deixam maldispostinha”
  • Vamos fazer sim Dina. Além de ser algo que queremos, é um dos presentes que a Nídia deixou para a sobrinha.

    E vamos fazer num privado. No público estás a doar as células – da mesma maneira que se doa sangue, no privado estás a conservá-las para o teu filho.

    Bisouxxx

  • E tu tinhas conhecimentos sobre o assunto! Agora imagina quando não temos. Eu formei-me na área de saúde e apanho cada gaffe… A última foi num laboratório de análises clínicas em que a minha médica requisitou uns exames e eles todos contentes queriam fazem exatamente 1/4 dos que eram necessários. Eu pedi para fazerem o que ia no pedido e mesmo assim não resultou. Tive que puxar do meu “dr”. E depois foi uma profusão de desculpas. Nunca mais lá vou!

  • A falta de informação e a quantidade de enganos debitadas pelas comerciais de algumas empresas é coisa para arrepiar qualquer um. O problema é que a maioria de nós somos leigos à espera de respostas claras.

    E por isso é que eu escolhi fazer num laboratório inglês onde me souberam explicar tudo e onde posso preservar o tecido do cordão umbilical e não apenas um fragmento.

    Beiju

  • também fui a uma apresentação desse tipo.
    há quase 4 anos atrás ainda era recente esta abordagem a futuras mamãs.
    achei tudo muito, muito comercial.
    falei com familiares ligados à área da saúde e optamos por não o fazer. agora que existe o banco público, se um dia o fizermos será nesses moldes. para servir quem realmente precisa hoje e não para assegurar uma situação hipotética, que pode não ser solução amanhã.

  • Tenho uma filha com quase 4 anos. Durante a preparação para o parto tivemos 2 sessões de “esclarecimento” sobre a criopreservação… Mas não fomos claramente esclarecidos… Li, falei com o meu ob, com a pediara que estava já escolhida. Decidimos não fazer, sobretudo quando começamos a fazer perguntas ás quasi não nos conseguiam responder. Se fizesse actualmente, faria no Banco Público. O melhor mesmo é que NUNCA sejam precisas! Nem privados, nem públicos. Que o que se quer é crianças saudaveis e felizes!
    Felicidades

  • É por estas e por outras que os pais compram, mesmo com enormes dificuldades, porque pensam que ali está o milagre.
    Deus me perdoe, mas e que tal o Banco Publico, desse ninguém ouviu falar ou não quer, porquê? Porque lá não ficam as células guardadas numa gaveta para daqui a não sei quanto anos, mas podem eventualmente ajudar alguém ou mesmo ajudar os médicos a prender mais, mas não, é meu e não dou a ninguém.
    Que nunca, mas nunca nenhum pai precise de utilizar as células estaminais do filho, nunquinha mesmo é o meu desejo, mas também desejava que fossem menos egoistas e pensassem no Banco Público. Nós fizemos assim e não foi por dificuldades de pagar os outros, mas por informação procurada, perguntada e bem conversada com o nosso médico.
    Felicidades para o bebé

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