Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Recordações daquele dia…

Enviadas pelo D., que, atrapalhado, não sabia se as devia enfiar num comentário (???)…

Tenho recordações giras desse dia:

– Lembro-me que a família de brugessos que estava à minha frente no rent-a-car, a alugar uma carrinha para levar as couves para a terra, queria à força o livro de reclamações porque a senhora lhes exigiu um cartão de crédito.(duh!) A senhora deve ter ido aos cursos todos de serviço ao cliente, pois passados 10 minutos já eram todos amigos e só faltava ir passear para a terrinha com os brugessos. O problema é que eu não tinha tempo para estar ali a assistir àquele filme. Tinha um noivo à espera!

– Lembro-me perfeitamente de entrar esbaforido pela casa do noivo dentro, ainda de t-shirt e calças de ganga para lhe entregar a chave do descapotável. Já estava a casa cheia de convidados. Na altura pensei: “Esta gente ficou toda a achar que os amigos do noivo vão muita mal vestidos”.

– Lembro-me duma vizinha do noivo que por ter ficado 2 minutos “trancada” por um descapotável vistoso à porta da casa dos pais do Noivo se encheu de inveja e começou a disparatar com cenas do género “estes gajos com carros finos têm a mania…”. Ela lá se engoliu pq eu ainda estava com aquele ar xunga-mete-nojo e não lhe liguei puto 🙂

– Lembro-me de que a primeira coisa que a mãe da noiva fez quando cheguei perto dela foi mostrar-se espantada com o seu próprio decote (sim, com o dela – qualquer coisa do género: “Ó D., achas que isto é coisa que uma mãe de uma noiva apresente?”)

– Lembro-me da viagem para o Mosteiro dos Jerónimos, com a prima a fazer caretas e eu a ziguezaguear no meio do trânsito para apanhar aquelas fotos. (e de ao mesmo tempo lembrar-me que o tio da noiva não devia estar a achar muita piada a um tipo a fazer rally ali tão perto do VW Phaeton imaculado, com as duas mãos na câmara fotográfica e nenhuma no volante.)

– Lembro-me dos amigos que tiveram que mudar um pneu vestidos a rigor, com as respectivas caras-metades a aplaudir juntamente com os turistas do autocarro dos tours.

– Lembro da mana da noiva que ao achar que o decote não era suficiente esticou-se de tal forma que conseguiu, bem à maneira dela, deixar tudo e todos embaraçados… e ela na maior (e isto dos decotes não é fixação minha… eu acho que é de família)

– Lembro-me de reparar no quadradinho de brilhantes no sapato do noivo, e de exclamar “granda pinta” quando ele me mostrou o cinto…

– Lembro-me da quantidade de turistas que se juntou e da salva de palmas que deram à noiva antes de entrar – Ingleses, japoneses, franceses – todos eles foram para o país deles com a certeza de que nunca mais iriam assistir a uma noiva como aquela. Nesse dia até os pastéis de belém devem vendido menos, tal era a assistência ali no mosteiro.

– Lembro-me de ter lido e relido o salmo 20 ou 30 vezes (ao mesmo tempo que ziguezagueava à volta do VW Phaeton e tirava fotografias), ter afinado o tom e a entoação, para no fim o padre me dar outra cena completamente diferente para ler. Não me saí mal (para algo que nunca tinha lido antes)

– Lembro-me do olhar furioso (fulminante?) que a noiva lançou sobre a prima, quando esta resolveu “jogar à malha” com as alianças… 2 vezes!

– Lembro-me de abraçar e dizer ao noivo (emocionado – talvez mais emocionado do que quando o Sócrates vê os filmes do PS) – “Benvindo ao clube”

-Lembro-me de tentar apanhar uma foto do avô da noiva, que tapava a cara com o Missal e se desculpava com o sol, mas que realmente estava perdido em lágrimas de alegria!

-Lembro-me de ver os noivos no VW EOS e confirmar que “não basta ter um carro com pinta”. É preciso presença… e se eles a tinham, ó sim! (a foto da mão despreocupada é para mim umas das melhores)

– Lembro-me de mimar a noiva para a distrair em momentos de algum stress (só faltou arranjar um nariz de palhaço e fazer malabarismo em cima de um monociclo)

-Lembro-me (por falar em malabarismo) da quantidade de tralha tecnológica que andei a carregar para todo o lado: Walkie-talkies, 3 câmaras, projectores, fios e fiozinhos… benditas segways que pouparam muita sola.

– Lembro-me (por falar em segways) de que quanto maior eram os saltos dos sapatos das senhoras, e quanto mais esvoaçantes eram os seus vestidos, mais elas queriam andar naquilo! (e gostavam, e não se davam nada mal!) – Fica a dica para as idas ao shopping.

– Lembro-me da maluca da prima a encher os sapatos de bolinhas de esferovite (dos puffs rasgados) e a atirar ao ar que nem uma doida…

– Lembro-me de uma menina de vermelho (será que a melhor-amiga-dos-noivos-esposa-do-melhor-amigo-dos-noivos vai sempre de vermelho?) pegar no microfone, e quando todos pensavam que ia cantar, anuncia uma sessão curtinha de fotos daquelas do baú. Lugar-comum? Talvez, mas numa festa de família e amigos há sempre um avô ou uma tia que gosta de rever a pequenada. (e os amigos divertem-se a ver a cara envergonhada dos noivos)

– Lembro-me de todos dançarem ao “Hula” e o amigo Algarvio não ter que se dobrar para passar por baixo.

– Lembro-me de terem gamado os bonecos do bolo nos 10 segundos em que deixei de olhar para eles… (não, não estava a fazer de polícia. Ainda tentei colocar em prática o ditado do “ladrão que rouba ladrão…” mas quem tratou do serviço deve ter contratado alguma equipa de especialistas, tal foi o nível da “limpeza”)

– Lembro-me de ter ficado duplamente satisfeito com um convidado em especial que no final da noite se dirigiu a mim (o zeca-faz-tudo daquele dia) e elogiou os meus malabarismos. Duplamente porque é sempre bom ouvir elogios mas especialmente porque se mais ninguém se queixou foi porque passei suficientemente despercebido. Um abraço especial para o casal açoreano!

– Lembro-me que a almofada que me obrigou a passar em casa a meio do dia (porque apesar da checklist preparada ao milímetro, há *sempre* alguma coisa que se esquece), que se destinava a tornar a viagem dos noivos mais confortável no fim da noite acabou por tornar a viagem mais agradável à mana da noiva. Afinal de contas, nesse mesmo dia tinham assumido o compromisso de se apoiarem mutuamente. Para quê as almofadas quando tinham o colinho um do outro?

– Lembro-me de me rir cá para dentro (porque já ia tudo a dormir em direcção à Quinta da Marinha) quando reparei pelo retrovisor que alguém se tinha perdido… (pela 8ª ou 9ª vez nesse dia)

– Não me vou esquecer: Da menina do vestido amarelo e roxo, que distribuía alegria e boa-disposição 🙂

E depois disto, o D. deixou-me pela enésima vez a chorar baba e ranho…

Obrigada por tudo.

4 Discussions on
“Recordações daquele dia…”
  • Lindo lindo!!!

    è assim que tem de ser!

    Tudo de bom e continuação de muitos anos!

    Eu já vou a caminho do 10º!

    Apesar das minhas kikas este dia é sempre mas sempre meu e do P. fazemos questão de passar o fds seguinte só nós dois em recordação!

    Pq os filhos são importantes mas nós também!

    Beijocas e goza muito este dia!

  • Deixou-te a ti chorar, e a mim de lágrima no canto do olho 😉
    O vosso dia deve ter sido mágico e, sem vos conhecer, acho que são daqueles casais que têm tudo para ser MESMO felizes para sempre!

    Beijinho 🙂

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