Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Subir devagarinho e mergulhar fundo

Ao longo dos últimos anos temos vindo devagarinho a subir à tona…

Nunca estivemos num abismo profundo mas também nunca andámos à tona, a boiar descontraidamente.

Cada exame era um metro abaixo… Cada diagnóstico descartado, dois metros acima. E sempre, mas sempre, a certeza de que havia qualquer coisa.

Fisiatria. Neurologia. Genética. Ortopedia. Desenvolvimento. Tudo.

Análises e exames do arco da velha.

Na sexta-feira passada chegou finalmente o diagnóstico. O alívio. O “Eu não estou maluca”.

A minha sogra dizia “oh filha só tu para encarares uma notícia destas assim!”… Qual notícia? Eu já eu sabia há anos que havia qualquer coisa… E como era essa coisa também. Só precisava era de um nome. E de um caminho. (E da certeza de que não era nada que fosse piorar.)

O diagnóstico chegou sexta. Mais medicação para ela. Mais terapia. Mas alívio meu. Nosso. Muito mais.

Não vim (só) à tona. Subi ao cimo do iceberg. E agora é mergulhar fundo.

O que é que quero que levem daqui? Se acham que se passa alguma coisa com os vossos filhos procurem. Sempre. Insistam. Sempre. Como me disse o Lobo Antunes, “nenhum pai quer que o filho esteja doente… se acha que está, o mais certo é ter razão”. Para os que têm filhos saudáveis, pequenos diabretes, não se queixem pela vossa saúde. Não se queixem. Não falem do tempo que demoram a vestir-se porque – posso assegurar-vos, são de certeza muito rápidos. Não lamuriem o barulho, a desarrumação, a energia. Deixam-vos de rastos? Óptimo! Aproveitem-nos. Tal como eles são.

[Por favor não questionem o diagnóstico. Naturalmente, não foi por esquecimento que não o referi.]

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