És calma, a mais calma. Não gostas de conflitos, detestas. Se puderes – e contrariamente ao que te ensinamos (não se mente Maria e ocultar é uma forma de mentira), ocultas os disparates dos outros (mesmo quando te afectam) só para que não ralhem com eles, para que não haja conflito ou um ambiente menos… zen, vá. É fácil convencer-te, corrigir-te, explicar-te. Percebes sempre que te corrigimos e depois de explicado, está explicado. Não há birras, não há insistências, não há teimosias cegas. Nunca houve.
O teu nível de excitação é muito baixo. Demasiado, diria eu. É só o teu, diz quem sabe. E, observando a forma especial como consegues equilibrar o nível de excitação dos pares… Dos amigos, dos colegas, dos filhos dos nossos amigos – primos como gostas de chamar, percebemos que não é nem baixo nem alto, é o teu e até um tudo nada contagioso, só isso.
Este é o teu padrão, a tua forma de estar. É a tua personalidade. E por isso sim, não chegando propriamente a ficar melindrada, não gosto de ouvir sobre as outras crianças, as que estão dentro do estereótipo – que atiram com brinquedos e teimam e fazem birras e batem com os pés e insistem quando já não há pachorra para os aturar – que têm personalidade. Olha f******, então eles têm personalidade e tu não? O teu irmão tem cinco meses e meio. É super bem disposto como tu, come e dorme e não é nada de birras (por enquanto). Mas atira com os brinquedos quando está na cadeira dele em cima da mesa enquanto comemos, dá gritos estridentes quando palra, esvazia a fruteira mal viramos costas e reclama quando é contrariado. Tem personalidade claro. A dele. Da mesma forma que tu tens a tua. Ainda mais especial, ainda mais peculiar. E a tua mãe (e o teu pai) devagar, devagarinho, vão conseguindo crescer contigo, da tua maneira especial e peculiar, completamente fora do padrão, cheia de personalidade. A tua. A vida é mesmo para ser vivida como a vives, devarinho, com calma, sem ansiedade. Somos nós que temos de aprender, que temos de sair do quadrado todos os dias (e não apenas quando nos lembras disso), que temos de perceber que se todas as crianças são diferentes, tu ainda és mais. E isso não é mau. Nada. É especial. E bom. Tão bom. Tão cheio de personalidade. A tua.