Hoje dei por mim a achar que tinha o direito de hibernar. Hibernar na minha própria neura. De repente parei e assimilei tudo o que tenho provado, mastigado e engolido nos últimos meses largos. Em todos os ses. Ou amargadelas. Em todos os travões. Ou engasgões. Em todos os pneus furados. Ou azias. Em todos os recuos. Ou vomitadelas. Prova-se. É amargo mas não faz mal. Tem de ser. Mastiga-se e mordemos a própria língua. So what? É a vida. Engole-se e arranha. Muito. É o que tem de ser. Mas depois veio qualquer coisa doce e esqueci. Mas logo a seguir despacham-se duas ou três amargas, assim, sem factor surpresa. Toma lá. E depois uma agridoce para não te queixares. Mas vá que entretanto vem mais uma que te deixa cheia de aftas, rasga o esófago e provoca refluxo durante tempos infinitos… E custa. Custa mesmo. Custa pensar, comportar e sentir como se estivesse tudo espectacular. Hoje apetece-me hibernar. E curtir a minha própria neura. Não tenho ninguém a morrer de forma activa (porque a morrer estamos todos), mas de resto tenho um bocadinho de tudo. Amargo. Azedo. Acre. Mau. Vou hibernar. Acordem-me quando for verão.
Por estranho que pareça ver-te assim, também mereces os teus dias de neura maior. Também mereces hibernar na tua bolha! Só espero que passe depressa 🙂
Um beijinho e um abraço