O despertador toca e ele diz-me que posso ficar mais um bocadinho porque vai mais cedo. Volto a pôr o despertador para daí a uma hora e deixo-me ficar naquela existência dormente de quem já acordou mas ainda não abriu os olhos…
Oiço o barulho da água a correr e dormito mais uns minutos. Sinto-o a vestir a camisa enquanto escolhe uma gravata e penso que segunda-feira sou eu que escolho.
Volto a apagar. Antes de sair vem despedir-se e pedir-me para levar uns jeans e uns ténis para logo à noite. Não escolhi a gravata mas decido o que vai vestir para jantar.
A porta bate e o despertador toca. Faço como ela e viro as costas ao demo que me quer arrancar dos lençóis de cetim e sorrio enquanto penso na paixão que ela tem pelas suas almofadas de cetim. A quem sairá?
Já está a ficar tarde e atiro-me para fora da cama. A água quase fria não acalma as dores musculares mas desperta-me enquanto decido mentalmente o que vou vestir.
Acordo-a e recebo um sorriso delicioso. Hoje não me pede mais quatro minutos. Estou cheia de sorte.
Já está na hora. Enquanto bebe o leite, vou deixar a bolachinha dela à entrada para não me esquecer.
Saímos e nos dois minutos que nos separam do colégio concluo que tenho de mudar os planos do dia trabalho. Não posso ir para o escritório. Tenho de ir para a operação. Num instante revejo a agenda e altero o caminho que me espera quando virar as costas ao portão.
Ela diz-me adeus e quando entro no carro telefono-lhe. Agora já estou acordada.