Todas as noites é igual, chega ali às 21h e, das duas uma, ou é ela que pede a “fada” para ir para a cama ou somos nós que vemos que já está a dormir de olhos abertos e vamos deitá-la.

É assim, sei lá, desde que tem um mês (ok, o pedir a almofada é mais recente). Pegamos nela, deitamo-la na cama, ela mete a chucha na boca, acomoda-se à almofada (a almofada também é mais recente) e vira-nos as costas para dormir.

Mas ontem, com os padrinhos ainda lá em casa, a coisa ganhou contornos de filme de terror. Fomos os 4 deitá-la sem stresses, sem “nãos”, o costume, agarra-se à “fada”, põe a chucha, tudo muito bem até… até começarmos a sair do quarto. Então, caiu literalmente o Carmo e a Trindade. Desata no maior berreiro de que há memória, levanta-se, sai da cama (sempre agarrada à almofada e à chucha, claro) e nada de querer deitar-se.

Os padrinhos vão-se embora e o berreiro continua. O pai pega nela e mostra-lhe que já não está ninguém na sala, que nos vamos todos deitar e nada. O berreiro continua. Assim que entrava no quarto ligava o modo “ai que me vão matar e por isso não me resta outra alternativa que não seja berrar” e não saía disto. A mim, berreiros sem sentido são coisinha para me tirar do sério e por isso vai-se-me logo toda e qualquer paciência, digo-lhe que temos pena mas que me vou deitar e viro costas ao melhor estilo “fica aí a chorar sozinha”. O pai – com toda a calma do mundo, a conversar, a explicar, a acalmar (e ela a berrar, claro). A dada altura diz que quer ir para a sala. Ele leva-a para a sala. Luz apagada, televisão desligada. E ela ficou. Assim. Sozinha na sala, deitada no sofá, calada às escuras e com a televisão desligada.

30 segundos depois estava, como sempre, ferrada a dormir.

Mas com o berreiro de ontem (e sobretudo com o fim súbito e repentino do mesmo), não sei se não me aparece a segurança social lá à porta um dia destes.