Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Se eu gostava?

Eu gostava filha. Eu gostava que fosses uma médica de carreira. Ou director geral de uma multinacional.  Ou que na tua carreira de actriz ganhasses um Oscar…

Mas isso é gostar. Não é querer. Querer? Assim querer mesmo mesmo? O que eu quero mesmo é que saibas que isso é só um meio, corrijo, uma ferramenta para um fim bem mais importante. O mais importante da tua vida. Ser feliz.

Não quero que acredites que é isso que te vai fazer feliz. Porque não é filha. Não são esses os valores que te quero deixar. Aquilo que eu quero mesmo é que saibas que isso é só um suporte, um apoio, um caminho, uma ferramenta para poderes ser feliz. E não aquilo que te fará feliz. Não quero que julgues que é aí que está o teu pote de ouro. Não é. Esse é só o arco íris filha. Ladeado de pequenos potes de ouro.

Filha, a felicidade vem de momentos. Dos momentos com aqueles que amas. Com os teus amigos. Com a tua família. Ou a sós. E esses momentos são os teus potes de ouro.

Se eu quero que sejas ambiciosa? Lutadora? Vencedora? Claro!

Ambiciosa e lutadora e vencedora na corrida para a felicidade.

Se quero muito que sejas a melhor aluna? Claro. (Mas fica já a saber que te vou dizer que essa é só a tua única obrigação, a par de seres feliz.)

Se quero muito que estejas no quadro de honra, que te façam uma menção honrosa ou que ganhes uma bolsa de estudo por aproveitamento? Claro.

Se quero muito que consigas construir uma carreira de sucesso? Claro.

Mas tudo isso, a par de te concretizar como estudante e como profissional, servirá apenas para um fim bem mais importante.

A noção de felicidade que te quero transmitir é outra. A da felicidade que vem de um livro que te emociona. De um abraço especial de um amigo. De uma música que te embala o coração. Das recordações das viagens. De um pôr do sol de Verão. Dos domingos caseiros.

O resto filha? Aquele resto que descrevi ali em cima? Esse resto servirá apenas para isso… para permitir que vivas esses momentos espontaneamente e sem outras preocupações.

Se quero que sejas “feliz” no teu emprego? Claro.

Mas não é aí que quero que busques a verdadeira felicidade filha. Não é aí que quero que penses que a encontras.

Porque um dia, quando tiveres cabelos brancos filha, aquilo de que te vais lembrar é dos momentos. Com os amigos. Com a família.

O arco íris é fantástico filha. Mas é efémero. E os potes de ouro que o rodeiam, são bem mais bonitos.

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