Hoje, sem qualquer crítica negativa ou espécie de detrimento, mas apenas como mais uma constatação, verifiquei novamente que cada mãe é como é. Diferente de todas. Igual a todas. Semelhantes em inúmeras atitudes. Diferentes e opostas em tantas outras. Não é ser melhor, não é ser pior. Não é amar mais ou amar menos (e é esta mania de muitas mães acharem que amam mais os seus filhos que as outras que me tira do sério).
É simplesmente ser diferente.
Eu não tenho qualquer dificuldade em “dar” a minha filha… Talvez por nunca ter sido chorona, provavelmente porque nunca ligou a colo e também porque é desde que nasceu um daqueles bebés dados que não estranha ninguém. Além dos familiares, estou perfeitamente confortável e descansada quando “viro costas” e deixo a minha filha com os nossos amigos. A maioria mudou-lhe a fralda. Quase todos já lhe deram uma ou outra refeição (ou muitas). Levam-na à casa-de-banho para fazer chichi. Já a assoaram no mar com as próprias mãos como (pensava eu) só os pais fazem aos filhos. Aliás, quando estou com eles, deixo quase tudo para serem eles a fazer. Eu faço todos os dias. Eles e ela é que precisam de usufruir desses momentos em conjunto. É bom permitir que outras pessoas a mimem e confortem mesmo quando estou presente. É a forma dela saber que mesmo quando não tem a mãe pode contar com outras pessoas que lhe querem muito bem. Isto sou eu. Não sou melhor ou pior que a minha C. que vê no filho um boneco de porcelana que se vai quebrar e do qual só ela sabe tomar conta. São bebés diferentes. Foram gravidezes muito diferentes. São histórias de vida distintas. Não amamos mais ou menos os nosso filhos e não somos menos amigas por sermos assim diferentes. Gosto de acreditar que nenhuma de nós está errada. Porventura uma ou outra vez cairemos no exagero, mas isso faz parte. É mesmo assim. E, surpresa das surpresas, é saudável!
Por outro lado, como ainda hoje conversávamos, ela é daquelas mães que detesta presenciar qualquer “procedimento médico” menos agradável (cada vez que me lembro que aquela alminha esteve anos sem fazer análises sanguíneas à conta do medo de agulhas… senhores!). Se for uma coisa que ela possa passar ao pai para fazer, melhor. Fecha os olhos e sofre com a dor do filho. Eu sou o oposto. Nem pensar em não estar presente sempre (Ai de quem me diga um dia que eu não posso entrar para algum lado com ela porque já não é bebé. Era só o que faltava! Há alguns anos uma situação médica grave não correu como devia ter corrido porque teimaram que a minha irmã era adolescente e já sabia estar sozinha. Mas por acaso alguém, independentemente de ter 5, 50 ou 100 anos, estando doente, está com o seu discernimento perfeito?). Mais, se puder, prefiro ser eu a fazer ao invés de passar a batata quente ao pai.
E é isto. Gosto destes confrontos da realidade. Gosto de observar estas diferenças. Gosto de conversar sobre isso. Gosto de saber que o meu comportamento ou o dela são normais e aceitáveis. Gosto de me sentir confortável com isso. E gostava que todas as mães (e não mães) pensassem o mesmo. Há crianças diferentes, há histórias de vida diferentes, há personalidades e posturas diferentes… é natural que os comportamentos sejam por isso diferentes. Nesta história da maternidade não existe o totalmente correcto nem o totalmente errado. É sempre um meio termo, um morno, um cinzento. E, mal ou bem, há-de estar sempre mais próximo do correcto do que o contrário. Por quê? Porque se faz por (e com) amor. Se eu ou ela entrarmos em loucura… bem, cá estaremos todos para dar um puxão de orelhas e ajudar a gravidade a fazer o seu trabalho de nos agarrar à terra.
Não sou mãe mas concordo contigo. Cada mãe é diferente e cada criança é também ela diferente das outras. Porque temos personalidade, maneiras de ver a vida diversas, experiências e crenças próprias… e isso, como tão bem escreveste, não tem que ser necessariamente mau. Ou bom. É só diferente.:)
http://www.letirose.com
Ainda hoje escrevi um post no blog a falar disto mesmo, do ser mãe. Eu adorava ser mãe, mas ainda não o sou. E tenho a consciência que no fundo seria diferente e igual a tantas mães. Porque nós somos todos diferentes mas amar como uma mãe ama um filho deve ser único e tão igual em certos pontos por muitas.
Beijinho*
Me,
Não sou mãe, é verdade, mas sou tia e sou apaixonada pelos filhos das minhas amigas. E se na maior parte das vezes todas elas me confiam os seus filhos, a minha própria cunhada entendeu que me deveria afastar da minha sobrinha. E nem sempre foi assim. Eu visitava-a sempre e ajudava quando podia e sempre que me pedisse. Tenho uma paixão pela miúda e ela por mim. Mas a partir de certa altura a mãe dela entendeu que ela estava muito agarrada a mim e afastou-a, quer de mim quer da minha mãe. E ela era do género de não se incomodar e de até gostar que cuidassem dela.
Escrevi exactamente sobre isso no meu blog…
http://ocantodapetrolina.blogs.sapo.pt/24282.html
Posso até não concordar com a atitude dos outros mas que sou eu para os julgar, cada um faz como acha que é melhor.
kiss from the heart
Clap Clap Clap! Não sou mãe, estou longe de o ser e sinceramente tenho muitas dúvidas quanto a isso mas identifico-me muito com este texto pelo simples facto de ter uma sobrinha pequena, que quando está sobre a minha responsabilidade é como se fosse “minha”. Para o bem e para o mal, para ser estragada com mimos e para ser chamada a atenção quando tem uma má atitude, mesmo à frente dos pais e avós. A única coisa que não faço é bater (dar uma palmada, entenda-se), acho que é um departamento que ultrapassa as minhas responsabilidades de tia.
Este texto está maravilhosamente bem escrito. É mesmo isso 🙂 e parece-me muito bem que assim seja. Obrigada por explicares tão bem (a que também é a minha perspectiva)
Estou tão de acordo contigo, há pontos de vista diferentes mas cada vez mais acho que tu és tal e qual eu eheheh.
O que eu sofro quando vejo o meu M a chorar ou por causa das vacinas ou procedimentos médicos ou até pk se esbardalhou da cadeira abaixo e a dor dele é tão grande que literalmente deixa de respirar durante uns segundos que a mim me parecem horas mas eu engulo a minha propria dor e la estou eu com sangue frio e a dar-lhe confiança e amor.
Em relação a dar a criança a outras pessoas eu tb sou igual e ele nunca ou quase nunca se queixa de ir para o colo ou ir com outras pessoas aliás a confiança é tanta que diz-me logo adeus lolol,so de me lembrar das vezes que me dizem que isso é perigoso e que o menino nao devia ser assim e patati patata pk o podem raptar e assim, mas alguma mãe deixa o filho ir sem ter a certeza que fica bem?! Ja para não falar que eu deixo-o ir mas nunca o tiro debaixo de olho, por muito distraída que possa parecer estou sempre atenta.
Bjs
Acho que, como mãe, serei como tu. Relaxada. Tive uma infância complicada porque estive doente mas a minha mãe nunca me apaparicou mais do que aos meus irmãos. Sempre me deixou correr, esfolar os joelhos, rachar a cabeça. Cresci forte e feliz.
Em cheio Me! É tal e qual isto!
Beijinho!
nem mais:-)
Não sou mãe nem tia mas sou madrinha e tia “emprestada” e adoro a confiança que as minhas amigas transmitem quando fico/estou com os seus filhos. Por isso imagino-me a retribuir, com a naturalidade com que o fazes, quando também eu for mãe.