Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Os opostos atraem-se

Ontem, enquanto sentia na pele este desabafo que agora escrevo, deparei-me com este outro desabafo. Tão distinto, tão oposto, tão complementar. Tão opostamente coincidente.

O trabalho anda como sempre a um ritmo alucinante. É o telemóvel que toca às 8, outras vezes antes.  E, se não toca, então há qualquer coisa muito errada. Por outro lado, se em termos profissionais sou incapaz de dizer que não e ponho às costas os macacos dos outros (erro crasso), a nível pessoal a coisa não é muito diferente. Meto-me em todas, digo que sim a tudo e alinho sempre na última ideia.

Depois a minha veia ramboieira, partilhada pelo resto do núcleo familiar (que não é enorme, mas é muitooo próximo) e pelos amigos, que me impede de dizer que não a todos os jantares, saídas e festejos com e sem motivo de festejo (quando se fala em rambóia, não é preciso justificações, pelo menos para mim). A isto, acresce ainda o meu bicho carpinteiro que não me deixa estar quieta e, quando não há nada, invento eu um jantar ou uma saída ou qualquer outra coisa. E é faz entrada, põe a mesa, e o vinho? Já foste buscar vinho à garagem? E quando não invento eu, inventa ele.

Pelo meio, em modo constante e em velocidade cruzeiro, Mini Me doente a sério semana sim, semana sim. E se ela até é uma miúda muito fácil, mesmo doente, este corre corre para hospital, antibióticos, anti-histamínicos, aerossóis e febres malucas sempre acima dos 40, desgastam qualquer um e deixam qualquer mãe agastada (mesmo a mais despachada e descomplicada como eu).

E eu. Eu que estou doente. Que esta porra das alergias, das ites e das hipersensibilidades, não matam, mas moem. E muito. E eu. Eu que deixo a minha filha na creche pouco depois das 8h da manhã e que me consumo a sério com isso. O dia inteiro. Em desespero para a ir buscar. Mais ou menos preocupada com o facto de ser a primeira a pôr o pé fora do escritório, porque se há quem seja “altamente dedicado” ao trabalho, eu prefiro ser “altamente dedicada” a quem amo. Eu. Eu que já não consigo deixar a casa minimamente decente para a empregada “só” ter de limpar. E são legos espalhados na sala. Almofadas fora do sítio. Pratos do pequeno-almoço no lava-louça. E sim. Isto também me consome.

E é uma lufa lufa todos os dias. O despertador que toca às 6:30. A vaidosice que não me deixa sair de casa sem cabelo esticado e maquilhagem. O portátil para aqui, a Mini Me na outra mão ou ao colo dele, ai que me esqueci do bibe e ele que não sabe onde meteu os óculos de sol. E é o livro que tenho de ler porque é o meu momento, aquele momento em que engato várias mudanças abaixo. E somos nós, porque nunca me esqueço de nós e continuo a gerir e encaixar tudo na minha vida em torno de nós. Sim. Eu e tu. Porque ela está por natureza em nós. Encaixada neste tempo. Moldada a (por) este amor.

E tudo isto desgasta. E deixa-me agastada. O querer viver e não perder nada. O desejar não ter de dormir. E há dias em que tudo o que eu queria era isso que este meu oposto tem. Mas como sofro da mesma bipolaridade que lhe foi diagnosticada em comentários, tudo isto passa depressa. E no instante seguinte já me estou a meter em mais alguma.

E férias. Eu preciso é de férias.

9 Discussions on
“Os opostos atraem-se”
  • Já´pensaste fazer um alisamento?
    Eu já fiz e não imaginas como nos poupa tempo de volta do cabelo.
    Se quiseres recomendo-te um sitio para fazeres.
    Bjs

  • Bom dia,

    Engraçado, foi exactamente o que comentei no post da Marianne, até quem tem uma vida muito agitada acorda um dia aborrecida com a vida que leva!
    Faz parte, no fundo somos todos um bocadinho bipolares!

    beijinho

  • ME,
    Como eu te compreendo! A minha vida é tal e qual como a descreves no teu post!
    Eu , também, precisava de férias.
    Precisamos todos de abrandar o ritmo… mas como é que isso é possivel?
    eu comprendo-te tão bem.
    Coragem.

  • Estou total e inteiramente solidária contigo, especialmente em partes muitos específicas deste desabafo. E eu também vou ter um fim de semana prolongado em breve – aguardemos na melhor das expectativas, ehehe 🙂

  • Eu passo muitoooo tempo em casa.As minhas amigas todas trabalham ou nao moram perto. O relacionamento com as minhas vizinhas nao passa de um bom dia. Os meus filhos saõ crescidos e ja nao tenho que os levar ou ir buscar a lado nenhum.Mas eu nao me chateio nadinha,alias até gosto.Levanto me quando me apetece, arrasto me se tenho preguiça.Só dona do meu tempo e nao o inverso.Faço as tarefas domesticas se me apetece.Mas nisso sou um bocado rigorosa,e tenho um dia para lavar outro para passar a ferro e outro para limpar.Gosto de ter tudo organizado e arrumado e consigo.Nao saio mais porque nao me apetece,nem sinto vontade.Consigo acompanhar a minha mãe, e ao sabado vou sempre passear.Ao domingo adoro enterrar me no sofá a ver filmes que adoro.E penso muitas vezes que sou feliz.Muito feliz.Não preciso de uma vida de reboliço, nem amigas a toda a hora.Gosto muito de estar comigo mesma.Adoro alias.Há sexta feira costumo fazer um spa para mim mesma.Faço tudo, exfoliação,depilação, unhas, cabelo, cremes, mascaras. Não é uma vida deliciosa??
    Beijinhos e amem a vida e a vós mesmas

  • Ainda ficou por dizer que me realizo, sempre que os meus filhos entram em casa e chamam…”mãe” ??.Ou quando a minha filha ou o meu marido abrem a porta e dizem, “Que cheirinho bom é este?? “. Gosto de ter um bolo fofinho feito propositadamente para o lanche ou pequeno almoço.Ás vezes invento e vou para a cozinha apenas para fazer “asneiras”.Tenho tempo para ler, para ouvir musica,ver cinema que adoro, andar , se me apetecer(raro).São detalhes, são pormenores, são momentos. Mas não é esse o conceito da felicidade??
    Já tive um emprego.Já tive que andar em correrias, entre o trabalho e o infantario,o choro e as doenças. E não trocava a minha vida de hoje que dedico a mim e a quem amo, por qualquer realização profissional onde nunca vi nenhum reconhecimento.Onde as pessoas são facilmente substituidas, descartáveis e deixam facilmente de fazer falta…
    Já me têm perguntado se não me aborreço de estar em casa.Nunca. Aborrecia me era quando estava a trabalhar, cheias de horarios e pontualidades e nunca tinha tempo para nada.Agora o Tempo é só meu.

  • Essa forma de escrever é extraordinária!! Identifico-me com muita coisa que escreves e ler os teus post’s é inspirador!! Parabéns**

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