Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Agora sim, para provocar*

Relativamente ao “ah e tal as conversas servem para esclarecer dúvidas e ajudar”, a sério?

Acham mesmo que são precisamente as outras mães de primeira viagem com a mesma idade e experiência que vocês que vos vão ajudar? Sim, até pode acontecer, não o nego. Pontualmente pode ajudar porque podem ter tido as mesmas dificuldades. Podem ter passado pela mesma situação. E faz sentido se por acaso “calhar em conversa”. A bem da verdade, compreendo que algumas pessoas sintam mais empatia ou facilidade com os seus pares iguais. Confesso que comigo não funciona (eu sou aquela que em primeiro lugar pergunta à mãe, em segundo lugar, pergunta à pediatra, em terceiro lugar pergunta à mãe outra vez…), mas compreendo e não estranho.

Mas custa-me ver diariamente mulheres a questionarem pela internet fora quem não conhecem na vida real e a quem os seus filhos não aquecem nem arrefecem, ao invés de consultarem os respectivos pediatras (a malta esquece-se que os pediatras não servem só para medir percentis e prescrever antibióticos) ou as avós e bisavós das crianças que, além de terem criado filhos e netos, já passaram muito e viveram mais ainda.

Chego à conclusão de que eu sou a única ave rara que quando tem alguma dúvida relacionada com questões de saúde fala com a pediatra (em vez de ir procurar na internet). E não, eu não sou “a” paranóica que pergunta tudo à pediatra. Na realidade, a pediatra da Mini Me quando nos vê entrar no consultório diz sempre “olha as duas despachadas e desenrascadas” – que não somos, a Mini Me é que tem sido sempre um bebé nada complicado (ou somos nós que descomplicamos). Por outro lado, também devo ser a única alminha que quando tem uma dúvida ou preocupação relacionada com educação/desenvolvimento/outros aborda a mãe, a tia ou a avó. E sim, esse desprezo que observo diariamente pelo conhecimento daquelas pessoas que efectivamente sabem e que amam essa criança é qualquer coisa que me enoja. Sim, enoja.

Eu não sou piegas com a minha filha, que não sou. Nada mesmo. Não sou nada romântica com esta história da maternidade e fiquei pouco ou nada “afectada”. Mas a verdade é que a tal frieza que tanto ofende é a mesma que, quando se colocou a hipótese de a Mini Me ter algum problema motor, me fez agir de imediato sem “ah ah ah”, sem “gaguezes”, sem pieguices e sem mariquices. Sem paneleirices. E a verdade é que já constatei que muitas dessas mães afectadas, as mesmas que estão chocadíssimas com a minha ausência de gosto por conversas sobre fraldas, perante uma indicação médica, vão a correr perguntar a essas mesmas pessoas que nunca viram nem mais pretas nem mais brancas  “ah, o pediatra mandou fazer isto, acham que faça?”

WTF? E eu é que estou mal? E eu é que sou fria? E eu é que sou bruta? Give me a break!

* Ou talvez não. E porque esta é uma que tenho entalada há muitos anos (sim, ainda antes de ser mãe) e não está relacionada com qualquer dos comentários deixados nos posts anteriores

11 Discussions on
“Agora sim, para provocar*”
  • Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. No tempo da minha mãe havia menos informação, e é a própria a admitir que se não fosse um pediatra fantástico que nós tínhamos, não se tinha safado. Mas houve um médico que, a sabendo grávida, lhe receitou um medicamento que podia ter-me causado malformações congénitas, e isto no tempo em que não havia ecografias. Por outro lado, já são duas situações que ouvi contar de pediatras que receitaram ritalina a crianças. Numa delas, a criança tinha 4 anos. Sem as enviar para análise a um pedopsicólogo ou pedopsiquiatra. E eu, a gaja sem filhos, abri a boca e desbobinei, e até ofereci um cartãozinho de alguém competenete para fazer esse diagnóstico, se quisessem ficar mesmo descansadas.
    Ou seja, não vejo mal nenhum em perguntar, tentar fazer um cross-check do que é dito por pessoas com mais experiência, médicos, ou outras mães. Procurar na net, essa terra de ninguém, é que é perigoso. Tudo o resto, e desde que não se entre na cena triste de ‘o meu filho é mais genial que o teu’ (a sério, também já levei com isso, e nem filhos tenho! a vontade que tenho de explicar que genial é a minha gata, que com seis meses – quando a adoptei – já ia à casa de banho sozinha…) pode ser bom, pode ser saudável dentro do espírito da troca de informação. Digo eu, que não tenho pachorra nenhuma para conversas de cocós e mães histéricas – e juro que até gosto de gaiatos, e às vezes dá-me cá uma pena crescerem com tamanha ansiedade das progenitoras…

    • Não deixas de ter razão Izzie, mas como disse já no FB, se um pediatra não consegue recorrentemente esclarecer/ajudar os pais (não vou entrar na questão dos erros porque para mim isso é uma situação que quero acreditar ser pontual), então se calhar está na altura de mudar de pediatra. Se existe alguém a quem já passaram as mais diversas situações pelas mãos e que tem a obrigação de conseguir ajudar é precisamente o pediatra.

      E, quando o assunto é específico então seguir para o especialista. A Mini Me não fazia apoio de pé aos 9 meses (as crianças começam a fazê-lo ainda antes de se sentarem e ela, como se começou a sentar particularmente cedo e tem aquele feitio “tá-se bem”, não desenvolveu essa “vontade” no tempo considerado normal) e a pediatra, como boa profissional que é, encaminhou-a para aquela que ela considera a melhor fisiatra pediátrica para avaliação e despiste de uma eventual isquémia. Da mesma forma, quando a Mini Me começou a ter alguns problemas respiratórios, passou a ser seguida em simultâneo pelo otorrino. Ou seja, acho que passa muito pelo bom senso dos pais e do respectivo pediatra. Ora, se o pediatra não é bom, então muda-se de pediatra. Easy Izzie 😉

      (e sim, no caso da ritalina, acho que farias mal era se tivesses ficado calada)

      • Eu tenho pena é quando as pessoas acreditam mesmo no que diz o médico e não procuram uma segunda opinião. E quanto à evolução das crianças, tenho 3 sobrinhos, nenhum fez o mesmo percurso, e odeio comparar. Cada um deles é maluco à sua maneira, e isso é que lhes dá graça. Mas conseguem todos fazer uma chinfrineira igualmente infernal, e isso é que é pena 😉

      • Me, nem todas as crianças são seguidas por um pediatra. Os meus, por exemplo não são, porque não tenho capacidade financeira para isso. Vamos ao centro de saúde e nem sempre temos resposta à altura, mas é o que há. Resta-nos o bom senso e a capacidade de ser mãe.

  • Bem, eu também sou bastante assim, se tenho uma dúvida, o mais normal é perguntar à minha mãe, à nossa médica, assim que tenha oportunidade, e também faço alguma pesquisa. Em livros ou em sites que me pareçam minimamente fidedignos. Tal como tu não vou muito na conversa dos outros, porque o meu filho não lhes dói a eles, dói-me é a mim e a quem gosta dele.

  • Eu cá já tive (eu não, o meu filho) uma péssima experiência com um pediatra. Quando o David tinha 7 meses mudámos (deveria ter feito isso mais cedo, mas dei ouvidos ao marido que achava que eu estava a exagerar nas queixas em relação ao médico). E não me arrependi!! O David teve refluxo grave (teve de tomar medicação, que o primeiro pediatra não receitou porque achava que eu era uma paranóica!!!!!), tem tido tantos problemas respiratórios (meses com 2 bronquiolites – uma no início do mês e outra no fim do mês, fora agora que pensam que é provável ter asma), as benditas análises para despiste de alergias com resultados tão alterados que nem quero pensar nisso pelo susto que apanhámos e agora uma alergia terrível, não se sabe a quê, porque as análises não foram conclusivas! Bendito pediatra que o meu filho tem, que me atende o telemóvel sempre que eu preciso, que tem sempre a maneira certa de sossegar o meu coração. É a ele que recorro, sempre, sempre que tenho dúvidas!! Se não o apanho a ele, é o pneumologista que me atura!! Não me acho uma mãe paranóica. Porque não sou paranóica. Sou preocupada! Sou excessivamente preocupada? Talvez… Babada??? Imenso! Mas não resisto àquelas bochechas!! 🙂

  • Olá Me,

    Vou só meter a colher, que agora é que me actualizei com a “polémica”. Concordo que para assuntos sérios/médicos o Pediatra é a pessoa certa a recorrer, mas penso que para situações mais triviais do dia a dia das ciranças pode ser benéfica a troca de ideias com outras pessoas, e digo isto relativamente a outro tipo de assuntos, em que a troca saudável de experiências pode ajudar outras pessoas.

    Quanto às crianças e as suas comparações sou da opinião que cada miúdo tem as suas particularidades e os seus ritmos sem dúvida, tal como todos os pais são diferentes. Há pais que estimulam mais, de forma natural, e há outros que estimulam menos, ou até nada… as crianças estão a aprender o seu desenvolvimento e os pais também estão a aprender a ser pais. Nenhum pai nasce ensinado e faz o que acha melhor.

    A minha sobrinha – prima, exactamente da idade da Miini Me, mesmo dia de anos!, também não fala, mas entende tudo o que lhe dizemos, é uma miúda óptima que não dá trabalho nenhum!

    Olha eu comecei a falar com 2 anos…super atrasada em relação a outras crianças, mas a minha mãe não se preocupou nada! Quando comecei a falar já dizia mais que uma palavra juntas. Isto porque, pensou ela, aos 13 meses a minha irmã nasceu e como ela não falava, eu se calhar achava que também não precisava, não sei.

    Os pais são todos diferentes, há uns que gostam mais de falar dos filhos e outros menos. Há que saber aceitar as duas vertentes. Eu por acaso tenho amigas super “normais”. Muitas já têm filhos e nenhuma se alonga demasiado em assuntos relacionados com eles…não sei se sou eu que tenho sorte e tu azarr! 😛

    Beijinhos

  • Eu vou-te responder com a minha experiência pessoal.
    Quando tenho uma dúvida menor, pergunto a uma grande amiga que teve o miúdo há pouco tempo e me sabe ajudar, sem problema. Qualquer dúvida maior pergunto à pediatra e tenho 100% confiança nela e eu própria começo a conhecê-lo melhor e a decidir eu. Faço parte de um grupo de mães que tiveram os filhos na mesma altura. Muitas fazem essas perguntas que tu dizes e tb me surpreendem. Mas tenho percebidos que muitas crianças não são seguidas por pediatras a quem se pode mandar uma sms quando se quer. E falo por experiência, sabe Deus como por vezes os Centros de saúde são. E sou daquelas que não faz perguntas à mãe. Não é por desprezo. Mas a minha mãe teve os filhos há muito tempo e para ela sou é certo o que era antigamente: do tipo o cordão umbilical trata-se com saliva da mãe, o bebé deve comer com sal, o bebé tem sempre frio mesmo que estejam 40C, o bebé não precisa de creme, o bebé não precisa de banho diário, etc. Então simplesmente não tiro dúvidas com ela. Eu sei que ama o neto, mas assim é mais fácil para ambas. Todas as maternidades são diferentes: há que simplesmente respeitar as diferenças. Apenas isso 🙂

  • Não acho que o post provoque minimanete. Em parte concordo contigo em relação aos avós serem uma grande ajuda no esclarecimento de dúvidas. Mas sabes bem que alguns não são, muito pelo contrário!! E no post anterior quando falei (eu e muitas) em trocar ideias com outras mães, obviamente estava-me a refeirir a dúvidas do dia a dia e não relacionadas com doenças/problemas de saúde. Obviamente que não vamos telefonar ao pediatra quando temos um adúvida relacionada com o cocó da criança, não é? (a famosa conversa de cocós que tanto gostas:) Eu não gosto de comparações, detesto gabanços e mães que não saibam ouvir as outras, mas a verdade é uma: adoro falar sobre bebés, crianças, maternidade e tudo relacionado com o tema. Desde sempre fui assim, mesmo antes de ter filhos. Tu és diferente. Só isso!

  • Hm, agora é que não posso mesmo concordar.
    Sim, são exactamente as mães de primeira viagem e com as mesmas dúvidas que te vão ajudar. Paralelo ao site “o meu casamento” existe o site “De Mãe para Mãe” e se se encontram por lá muitas mães “afectadas”, é verdade que lá fiz das maiores amizades que hoje tenho. Sim, online. Sim, pessoas que nunca vi mais escuras. Sim, pessoas que considero inevitavelmente Amigas.
    Não planeava ter a minha filha, não aconteceu no momento perfeito (aliás, aconteceu exactamente na “pior” altura) e fiquei completamente desesperada, a 2000km de distância de mães, tias ou avós que me pudesses esclarecer dúvidas. Mas mesmo que estivesse perto, não o faria. Não porque acredito que não é por a pessoa A ou B ter sido mãe ou avó ou ter vivido mais do que eu que saiba mais. Que é mais experiente? Sem dúvida. Mas a experiência não é sinónimo de qualidade de educação, nutricionismo, desenvolvimento, and so on.
    E nem os pediatras são um poço de sabedoria, ou têm disposição para ouvir toda e qualquer perguntinha que nos assola. Se são casos “graves”, sim claro, é o profissional de saúde que nos ajudará. Mas e aquelas dúvidas pequeninas? “Sem importância” mas que mexem connosco? Vamos a todo o momento incomodar o pediatra com essas insignificâncias? Ou então vamos apenas esquecer e acreditar com força que “tudo está bem e tudo vai correr bem”? Há pessoas que simplesmente não são assim. E são muito mais do que as outras, acredito.
    Se poderiamos viver e cuidar dos nossos bebés sem saber se regurgitar depois de mamar é bom ou mau sinal? Sim, claro. Mas descansa muito mais o coração e a alma saber que outros bebés, com a mesma idade, em diferentes contextos, também o fazem. É sinal de “normalidade” ou “pergunta a fazer ao pediatra”, se assim se pode entender.
    E também é imensamente reconfortante confidenciar com alguém que está, naquele momento, a passar pelos mesmos sentimentos deprimentes que nós ou pelas mesmas alegrias! Que sabe o significado das nossas palavras, sem julgamentos, sem strings attached.
    Cada um pode falar da sua experiência, sem assumir que aquele é o caminho mais acertado. Para mim, conhecer estas pessoas não poderia ter sido melhor! Se assim não fosse, tinha definitivamente stressado mais, sofrido muito mais! Tanto eu como a minha filha. E sim, também tenho uma filha que não me deu problemas (aliás, com 16 meses está a primeira vez doente por ter começado agora a creche) e eu também não sou nada enrascada. Mas não, não recorro à minha mãe para ter a voz sabedoria pela experiência. E sim, confirmo algumas indicações dos pediatras com as outras mães, a minhas Amigas. Porque, por exemplo, os pediatras aqui mandam dar TODOS os alimentos a partir dos 9meses. Até marisco, até laranjas, até morangos. Eu não acho que isso seja correcto. Por isso confirmei com outras mães, seleccionei aquilo que achei válido para mim e pus em prática não a sugestão do pediatra, mas aquela que EU senti ser a mais acertada. Nem sempre eles sabem tudo… Por muito bons que sejam (e o meu aqui é excelente, o que se vê pela lista interminável de miúdos).
    Por isso, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. 😉
    Bisou
    Mi

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