Faço parte de um trio de mães atípicas. Uma delas ainda está no estado pequena baleia mas não tem permissão para sair do grupo. E qual é a premissa para se pertencer a este grupo? Não ser afectada.
Não fiquei afectada durante a gravidez. Não fiquei afectada no pós-parto. Não estou afectada agora.
Antes de ser mãe, sou a Vanessa. Sou mulher. Sou pessoa.
E esta pessoa não tem qualquer problema em pôr um ponto final em conversas sobre bebés, crianças e afins. Porque esse tipo de conversas à hora de almoço interessa-me tanto como conversar durante o café da manhã sobre a roupa que não secou durante o fim-de-semana. Ou seja, nada. Népias. Nicles. Niente.
E por quê?
Porque eu não passei a adorar crianças e bebés e infantilidades só porque sou mãe. Corrijo, vamos retirar o verbo adorar e substituí-lo por “ser obcecada”.
Quem adora (e neste caso é mesmo o verbo adorar) crianças e bebés e mi mi mis, tem um excelente futuro como educadora de infância, professora de primeiro ciclo, administradora de um qualquer grupo no Facebook denominado “mães afectadas” (ou diremos antes mães típicas miss Marianne?), ou então, por favor, não assuma que todas as mulheres que são mães partilham do mesmo estado afectado.
Se amo a minha filha? De forma incomensurável. Se acho graça às piadinhas dela? Claro. Mas acho graça às gracinhas dela (passemos a redundância). As dela. Não as dos outros.
É mais ou menos como diz a minha amiga Carol que tem um Chihuahua: “Eu não gosto de cães. Gosto do Sawyer. Mas isso não implica gostar dos outros cães.”
Pronto. Eu acho graça à minha filha. Não acho graça aos filhos dos outros. Não quero saber quantas vezes os filhos dos outros fazem cocó. Nem tampouco quantos dentes têm ou o quão precoces e sobredotados são. Posto isto, da mesma forma que não comento as piadas dela e não importuno ninguém à hora do lanche com o meu gosto por sapatos, não me venham falar de bacios, canções de embalar e dramas nocturnos.
É isso. O amor pela minha filha é incomensurável. Pela minha filha. Não pelos filhos dos outros.
Agradecida.
(E sim, também comento episódios da minha filha, também mostro fotografias dela, também me emociono com as gracinhas do Miguel. Só não o faço de forma típica e em modo “não tenho mais nenhum tema de conversa”, i.e., afectada.)
*ou a prova provada de que este nunca será um babyblog…
Concordo com isto a 1000%.
Pois que é isso. Há vida para além da maternidade. E a maternidade “serve” para acrescentar à nossa vida, não serve para a resumir e “reduzir” a isso. É uma parte, não é o todo. É a parte mais importante, obviamente. Mas só é plena se houver mais para além dela.
Esta é a minha visão. E sei que é a tua também. E a da pequena baleia (que, como pequena baleia, é uma fraude! Não é baleia coisa nenhuma!). O nosso happy little trio!
Isto hoje saiu um bocadinho mais ríspido do que o habitual… Segundo um colega meu, particularmente perspicaz: “mas se há coisa que “marca” o teu blog é a personalidade, a vertente humana… não é daqueles blogs que são só florzinhas e cenas cor de rosa… reflete as variações de humor habituais a qualquer ser humano e afinal, que não sente não é filho de boa gente”.
Hey sou pequena baleia sim. Na sua recta final. (já pode nascer que já tem 37 semanas e eu já estou cansada de desviar a barriga de tudo e de todos).
É, se calhar, saiu-te menos bem…
Entendo tudo o que dizes, sou mãe e nem estou nem aí para saber em que dia caiu o cordão umbilical da criança!!! mas, pelo que escreveste parece que vives numa bolha.
Recentemente passei a ter diariamente a companhia de uma figura dita “afectada”. Garanto que é insuportável… (acho que até mesmo para qualquer outra afectada seria difícil 😉 )
Ah! OK! Como te percebo! Sorri… and carry on!
Lol… eu percebo-te bem… ainda assim tenho a confessar que eu sou um bocadinho “afectada”… olha, que se ha de fazer 😉
Beijinhos
Então vá, se é só um bocadinho, amigas na mesma 🙂
Beijoca grande lindosca (adorei as fotos do último post)
Não assumas que todas as mães são assim… Conheço tantas, mas tantas que não o são. Parece uma generalização infeliz.
Se estivesse a assumir que todas são assim, teria de fazer parte desse grupo não? 😉
Aliás, essa generalização não se encontra em parte alguma deste texto.
Eh pá, finalmente encontro alguém que me entende!! Tb sou mãe e penso exatamente como tu! Bem dito! 😉 Bjokas
Xiça agora até me puseste a pensar….serei eu “afectada”? lol
Talvez uns 2-3 minutos sim….:D
Concordo sem tirar uma virgula sequer. Sou criticada p’las ditas afectadas. Tou nem aí gosto do meu filho e não dos filhos dos outros. Consigo dar milhentos beijos ao Meu Filho, e faz-me confusão beijar os filhos dos outros. Gosto do teu blog.
Creio que, quando for mãe, serei como tu. Quero ser mãe, tenho essa vontade, mas bebés não me emocionam. Lamenta-se mas não sou daquelas mulheres que delira com os pequenotes. Sei que amarei o meu futuro filho mais do que tudo na vida – mas amarei o meu, ponto.
Um pouco exagerado este teu post. Talvez porque tens que levar muitas vezes com pessoas afetadas, tal como dizes. Até compreendo!
A minha definição é oposta à tua. Acho que hoje em dia, e cada vez mais, ser “mãe atípica” é ser “afectada”. Tenho à minha volta exemplos de mulheres que não alteraram em nada os gostos ou maneiras de ser depois de serem mães. Verdade que às vezes se trocam cromos acerca da maternidade, da mesma maneira que se fala sobre tudo o que seja, naturalmente, uma novidade.
Pelo tom do post parece-me é que deve andar uma (espero eu que apenas uma) dessas mães que não têm olhos para mais nada a chatear-te o juízo… E sendo esse o caso, entendo o desabafo.
Beijinho
Um do li tá… (acertaste).
Beijinho
Percebo que nao tenhas paciencia pra esse tipo de assuntos e eu felizmente nao conheco, nem me dou com esse tipo de maes! Mas penso que nao é expectavel que ames os filhos dos outros 🙂 pessoalmente é um assunto que nao me aborrece e entendo porque as maes contam certos episodios com orgulho. Ja certas gravidas sao um pouco chatinhas porque mtas vezes seguem regras um pouco sem sentido, na minha opiniao de quem nunca esteve gravida!
Desculpa a falta de acentos. Estou a escrever do tlm.
bjs
Diria que eu, à semelhança de muitas outras leitoras, agradeço que sejas uma dessas “mães atípicas”. Não que as gracinhas e as roupas e tudo o mais que esteja relacionado com bebés não tenha o seu interesse, que tem! (e mea culpa, que não sou mãe mas sou uma tia irremediavelmente babada!) mas o tom que caracteriza o teu blog é muito mais abrangente e seria mesmo uma pena que este acabasse por se ficar “tematicamente limitado”!
Beijinhos!
Bem, agora essa pessoa que te anda a incomodar provavelmente vem aqui ler o que escreveste (ou vão-lhe contar) e nunca mais fala do assunto… vai-se limitar a olhar para ti de lado por uns tempos, talvez… 😉
Eu trabalho (trabalhava) com crianças e acho que as típicas mães que vivem para os filhos são cada vez mais raras… E o equilibrio que falas entre ser-se pessoa e ser-se mãe é também difícil de encontrar. E é triste. Num início de ano lectivo uma míuda veio entregar-me um papelinho que tinha em casa e que não sabia se era para dar à professora (ainda não sabia ler). Não era. Era um bilhete da mãe para o padrasto e pedia-lhe por tudo que não vendesse a PlayStation (?!), que preferia que não se comprassem os manuais escolares e que passassem um pouco pior, mas que os jogos e a playstation não podiam ir embora. Entre estas mães e as típicas que não se calam com a genialidade da respectiva ninhada, eu ainda prefiro as segundas, acredita!
Beijinhos
Agora com o comentário da Sara fiquei com um apertozinho no coração porque eu também acho as mães “atípicas” as mais típicas e que entre as “tipicamente típicas” e as “desligadas” (não só dos dos outros mas infelizmente dos seus) preferia que todas fossem como as primeiras. Contudo são dois extremos e muitas vezes é difícil achar um equilíbrio.
É claro que o ser mãe muda qualquer coisa, como muitas outras situações na vida nos mudam, mas enriquece, não anula nada. Eu agora sou eu, sou mulher, trabalho, faço as minhas coisas e também sou mãe, o que muda é que tudo tem de se rearranjar para caber na minha vida. E ser mãe mudou-me sem dúvida na capacidade de, não amar todas as crianças e achar o máximo cada babadela, mas ter algum tipo de sentimento protector para com elas porque revejo a minha filha em cada uma, não acredito que não exista nenhuma Mãe que não sinta isto de alguma forma.
Conversas cansativas sobre os filhos são como outras conversas quaisquer, monólogos exaustivos são chatos, trocas de ponto de vista são enriquecedoras. Se calhar essa é uma pessoa chata que por acaso tem um filho e fala sobre ele, se fosse apaixonada por filatelia tinhas de a ouvir divagar sobre selos.
O que eu gostei de ler este post!!! Eu não tenho filhos, por enquanto, mas tenho duas colegas de trabalho que só falam dos seus respectivos filhos, se vamos tomar café…ora o assunto são os filhos que não dormiram, que não queriam ir para o colégio, que não queriam vestir-se, que estão a comer bastante e a ficar gorditos e por aí adiante…. por vezes até estamos a ter uma conversa diferente…mas acaba sempre igual…!!! Eu sei que deve ser maravilhoso ser mãe, mas não me revejo nada nestas minhas colegas de trabalho!!! Acho que lhes vou mostrar este teu texto…será que elas vão chegar lá??’ 🙂 beijinhos e parabens…adoro este blog!
Como eu te compreendo…concordo a 100% com este texto. Também não suporto este tipo de mães que não conseguem ter outro assunto que não seja sobre os filhos! E também não suporto as mulheres grávidas, cujo único assunto é a gravidez! Haja paciência!
Gosto muito do teu blog!
«Há vida para além da maternidade. E a maternidade “serve” para acrescentar à nossa vida, não serve para a resumir e “reduzir” a isso. É uma parte, não é o todo. É a parte mais importante, obviamente. Mas só é plena se houver mais para além dela.» Não podia dizer melhor que a Mariane, apesar de adorar o pequeno, as outras crianças e falar deles. Mas não só
sou educadora de infancia e não gostei da maneira como se referiu á minha profissão que alias adoro, no entanto não adoro ser incomodada por crianças em locais publicos, não acho assim tanta graça as piadas dos fihos das colegas e a hora do almoço não falo de crianças mas adoro os meus alunos, adoro os meus filhos, separemos as coisas, gosto muito do seu blog que sigo atentamente mas não concordo consigo nesta questão.
Viva Maria,
Não era de todo minha intenção menosprezar ou desvalorizar a sua profissão. Na realidade esse não é de forma alguma o foco deste texto.
Um beijinho
pois que neste momento soube-me mesmo bem ler isto!!!! estou mesmo a acabar a licença de maternidade (hoje é o último dia) e neste momento sinto-me uma mãe-estupidamente-afectadíssima, coisa que sempre me desorientou noutras pessoas! estou mesmo a precisar de ler/ ouvir/… mais pessoas normais, com vidas normais mas extraordinárias. pessoas com coisas para pensar, que vivem a sua própria vida e não a dos filhos! e nada disto impede a adoração que temos pelos nossos rebentos. portanto, sim, saíu-te um post um pouco mais à bruta que o habitual, mas wtf…. thanks! 🙂
Concordo contigo Me. Nunca fui como as minhas amigas que mal viam um bébé “derretiam”. Fiquei grávida, continuei igual, a minha filha nasceu continuo igual, bem igual não, agora “derreto-me” pela minha filha, ela sim, no “alto” dos seus 8 anos quando vê um bébé e roupas de bébé fica toda “derretida”.
Graças a Deus que há mães atipicas, caso contrário uma pessoa cortava os pulsos num grupo de amigas já mães ou com ideias disso. Eu não tenho intenção de ser mãe, não me importo de ouvir histórias sobre os filhos dos outros, mas outra coisa seria passar um serão só ouvir falar de bebés! E quem fala de bebés, diz outro assunto qualquer. Gosto de diversidade durante um encontro! LOL.
Bjokas.
Só não concordo com o “Quem adora (e neste caso é mesmo o verbo adorar) crianças e bebés e mi mi mis, tem um excelente futuro como educadora de infância…” . Mas que premissa é essa? De onde saiu isso? Porque terá uma Educadora de Infância adorar todas e quaisquer crianças. Eu só adoro trabalhar com as da minha sala e só adoro as gracinhas dos meus sobrinhos, detesto ter que lidar com crianças ao fim de semana que não sejam os meus (por ex.). Acho um post com todo o sentido, se não generalizarmos essa parte. Até porque é mesmo contra as generalizações que ele atenta. 🙂
Bem, só agora li os outros comentários e vejo que outra colega tem a mesma opinião que eu e já li a resposta. Ups.