Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Caríssimas aves raras do sexo masculino (e outras que profiram tais disparates)

A licença de aleitamento é um direito legal adquirido cujo objecto a beneficiar não são as mulheres deste país que dela gozam mas as crianças deste país. Na realidade, para quem não sabe, esta licença pode ser gozada pelo pai ou pela mãe.

Vai daí e, ignorando que nunca consegui estar essas duas horas fisicamente ausente do escritório e o facto de ter um telemóvel que toca das 8h da manhã às 8h da noite, dispenso (eu e a maioria das mulheres – estou em crer) os vários disparates e observações absurdas relacionadas com tal situação.

Até ao dia em que vossas excelências sangrarem 5 dias todos os meses durante umas dezenas de anos, suportarem o peso de uma barriga ao longo de nove meses com as consequências que daí advêm – estrias, derrames, ciática, náuseas, enxaquecas, insónias, e passarem por 12 horas de trabalho de parto que culminam na passagem de uma melancia por um buraco do tamanho de um limão, façam-nos um favor e remetam-se ao silêncio que é o melhor que fazem.

Muito obrigadinha, sim?

22 Discussions on
“Caríssimas aves raras do sexo masculino (e outras que profiram tais disparates)”
  • Não diria melhor!
    Só acrescento uma pequena coisinha: deviam saber o que é ter uma melancia das grandes a passar-vos pelo buraquinho do tamanho de um limão, sem anestesia. Aí, sim, alguns passariam a dar mais valor às mulheres!
    Beijinhos grandes,
    Bomboca do Amor.

    • Tens razão, sim senhora! Mas o que eu já me ri com o teu aparte, Bomboca. Não que eu me possa queixar do senhor meu marido, pelo contrário, mas há cada energúmeno a fazer da profissão mais difícil do mundo a mais fácil das tarefas, que só dá vontade de lhes desejar algo do género! 🙂

      Beijinhos nossos*

  • Se dependessemos dos homens a humanidade nao existia ha muito…
    Nao há comentario possivel a pensamentos machistas!!!!!!E sobretudo a ideias retrógadas que infelizmente ainda estão na moda!!!!No meu trabalho também há exemplares de homens assim…enfim, taditos!!!!!
    Só lhes desejo que as filhas e as mulheres deles nao tenham colegas de trabalho como eles próprios!
    Beijinhos e força mulheres !!!!!

  • Como Mãe, infelizmente posso testemunhar que estas situações são ainda (muito) frequentes. É um reflexo de sermos uma nação pequenina, acho; já que à medida que um país se desenvolve, também a maternidade é prezada pelo seu valor autêntico e inestimável.
    Assim é que é, Me 🙂

    Beijinhos
    Joana Filipe!

  • Está muito bem dito!! Apesar da minha melancia XXL não ter passado pelo buraco do tamanho de um limão (sua excelência fez o favor de enrolar o cordão 2 vezes no pescoço e não descia de maneira nehuma – estive 6 horas em trabalho de parto até darem conta que ele já estava em sofrimento)!! Mas agora tenho de ouvir piadinhas do género: “Não és uma verdadeira mãe, porque não pariste o teu filho!!” Haja paciência… Alguém tem sempre que dizer…

    • E se eu te disser que quando digo que não tive dores nenhuma e que a Mini Me nasceu em 30 segundos (really, só fiz força uma vez e ela saiu) me dizem que então não sei o que é um parto “a sério”… Give me a break!

      • Ainda bem que assim foi, para ti e para a Mini Me, não é por sofrer horrores durante dias a fio que fazem com que uma mulher seja MÃE!! Aliás, quanto mais rápido for o parto, melhor para o bebé!! O melhor é fazer ouvidos de mercador… Paciência tem limites!

        • E nunca te aconteceu de ficarem a olhar para ti com cara de quem quer dizer: olha esta a fazer-se de forte…ia ser diferente contigo não? Parir é suar, gritar, gemer, insultar o marido, o médico e quem lhe aparecer a frente!!!

          Pois que EU nem fiz força, ela era tãaaaaao grande (not) que “saiu” sozinha!!! hihihi e só tive dores de casa até ao hospital e até me darem a bendita epidural!

          Tenho dito…

          • Pois eu tive dores também de casa até ao hospital e ainda no hospital até darem a epidural (bendita epidural, tirou as dores e fez com que não precisasse de anestesia geral e vi o meu bebé assim que nasceu)!! Não posso dizer que foram as piores que já tive (as piores mesmo foram desde o 6.º mês de gravidez nas ancas que não me deixavam dormir e caminhar em condições!! Podiam ter-me dado epidural na altura que não me importava nada!!). Enfermeira simpática para mim: “Respire fundo no intervalo das contracções!” Qual intervalo?? Mas digo com sinceridade, as dores nas ancas foram piores!!

  • Humn.. se pensarmos que até há uns anos atrás a lei Portuguesa não considerava o parto impedimento suficiente para que uma advogada pudesse faltar ao julgamento… até há coisa de 2 ou 3 anos..conclusão tive uma colega que como não consegui a ultima da hora arranjar quem a substituisse, dois dias depois do parto lá estava ela na sala de audiência de discussão e julgamento! Porque? Porque maioritariamente quem faz as leis neste país são homens e definitivamente há muita coisa que lhes escapam!

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