Ou talvez seja.

Desde sábado à noite que estou com muita vontade de escrever sobre isto. Há algumas semanas que ando a pensar neste assunto. Nesta forma tão estranha de amar a que chamamos amizade. Nesta forma tão estranha de viver esse amor entre pares. Nesta forma tão distinta com que duas pessoas encaram o sentimento que as une.

Na amizade, como em outras relações de amor, não se ama mais ou menos. Não se ama melhor ou pior. Ama-se de maneiras diferentes. Sente-se esse amor de forma distinta. Interpreta-se esse sentimento tão íntimo de modo igualmente singular.

Confesso, levei algum tempo a incorporar esta constatação nos meus sentimentos. Foi uma aprendizagem minha, a sós e, em alguns momentos, difícil e carregada de mágoa.

Os meus Amigos, aqueles que são a minha família para mim e também para aqueles que são sangue do meu sangue, aqueles que não preciso enunciar porque sabem bem quem são, não são mais ou menos entre eles, melhores ou piores. Não têm classificação. Não têm pódio. São os meus Amigos. Cada qual com o seu lugar único e muito precioso.

Há algumas noites atrás, senti que esta aprendizagem estava encerrada. Senti-me leve, descontraída e feliz como há algum tempo não sentia. Senti que éramos nós. Sem receios. Sem dúvidas. Sem incertezas. Sem melindrabilidades. Só nós. Com a cumplicidade que nos une há tantos anos e que sempre soube ser especial.

E passou um dia e não falei sobre isso. Passaram dois e não escrevi.

Escrevo hoje. O timming não é o ideal. O momento não é o mais sereno. A calma feliz dessa noite esmoreceu para dar lugar a um sentimento de preocupação. A um sentimento de medo.

E sei – porque de mim falo, que tudo faria e farei independentemente do que senti nessa noite. Mas hoje tenho a certeza (quero ter a certeza) de que não pretendo ser a melhor ou a pior. Não quero ser mais ou menos. Quero – e estou a, ser eu. Essa Amiga que quero ser sempre.

Adoro-vos.