Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Viver (n)a rede

Faço assumidamente parte daquele grupo de pessoas que está presente nas mais variadas formas de redes sociais. Blogs, linkedins, facebooks, twitters, foursquares, foodspottings and so on and so on.

Há pessoas, umas com dois dedos de testa, outras não tanto, que acham que me exponho demasiado. E esse conceito de exposição excessiva é algo que não compreendo. Eu exponho aquilo que quero. Eu controlo aquilo que exponho. Eu defino aquilo que exponho. Eu, eu, eu. Mais ninguém. Assim sendo, só eu sei o que é excessivo ou não. Essa balança é minha e só eu é que a posso calibrar. Eu estou presente na rede porque quero. É uma decisão minha e a responsabilidade não é de mais ninguém que não minha.

Quem critica abertamente aqueles que se comportam como eu, alegando valores como a privacidade ou a segurança, só pode estar deslocado da era em que vive (e não se dá conta disso). A verdade é que daqui a 5 anos eu e a minha família não vamos estar a viver num qualquer lugar ermo, sem electricidade e água canalizada. A realidade (mentalizem-se disso) é que daqui a 5 anos vamos ter a nossa vida ainda mais absorvida pela web.

Estar presente nas redes sociais ultrapassa cada vez mais uma forma de viver. É uma forma de comunicar. É uma forma de estar presente na sociedade real (desenganem-se se pensam que é só uma sociedade virtual).

Se podemos dizer que queremos remar contra a maré? Claro que sim. Mas será essa a atitude correcta? Pelos nossos filhos? Pela geração que aí vem? Eu sei que estabelecer o limite entre o que é tacanho e o que é razoável não é fácil. Mas estou mentalmente preparada para daqui a 5 anos, quando a Mini Me começar a escrever, me pedir para ter perfil numa qualquer rede social. E eu serei a primeira a apoiá-la. De forma controlada, informada e equilibrada porque é isso que quero que ela aprenda. Quero que ela compreenda de forma consciente, educada e racional o que é a internet. Quero ser eu a ensinar-lhe isso. Não quero que seja um bichinho enclausurado, afastado da realidade só porque acho que isso é exposição excessiva. Até porque mais tarde ou mais cedo irá fazê-lo.

Se é verdade que a nossa exposição e a dos nosso filhos é um risco? Caramba, claro que é. Mas a verdade, e os créditos desta expressão não são meus, é que eu não sou assim tão importante. A minha filha não é assim tão importante. Nós, não somos assim tão importantes. E o risco de exposição que se corre por se estar na web e poder ser “observado” ou “perseguido” por um qualquer maníaco, arrisco-me a dizer que é quase similar ao de se ter um vizinho maluco com uns binóculos no prédio da frente ou ao de se ter um qualquer pedófilo a espreitar pelo muro de um colégio.

É muito bonito e fácil arranjar meia dúzia de argumentos aparentemente inteligentes e intelectualmente estruturados para condenar e criticar a exposição na Web. Já o contrário não é assim tão linear. Justificar racionalmente e com motivos válidos a presença nas redes sociais não é assim tão vendável. Mas a verdade é que eu nunca fui de gostar de coisas fáceis.

20 Discussions on
“Viver (n)a rede”
  • Mais uma vez concordo ctg que cada um sabe de si e só o próprio é que sabe o que considera exposição excessiva.
    E sim, há malucos na net, mas também os há na rua onde nos cruzamos fisicamente com eles todos os dias. E esses sim, são perigosos.
    Tão perigosos como as mentes tacanhas que atacam as pessoas que não conhecem, opinando sobre as nossas vidas sem terem andado nos nossos sapatos.
    Isso sim… Para mim é grave.

    Beijinhos,
    Lux

  • Me, a minha experiência diz-me que antes dos 5 anos já vais andar a falar de internet com a tua filha:) a minha com 3 tem o seu histórico de desenhos animados no youtube, entrego-lhe o ipad para a mão e ela faz o que lhe apetece. ontem ensinei-a a ver os vídeos das férias no pc. já domina. fica chateada quando a rede falha. LOL é hilariante.

    também quero ser eu (e ele) a explicar-lhe todas essas realidades que os nossos pais desconheceram mas que são comparáveis ao “não falar com estranhos” e derivados.
    e tens razão quanto à exposição, só mostramos o que queremos e cabe a cada um decidir o quanto se expõe. eu tenho facebook e uso-o para piadas (futebolísticas as minhas preferidas), felicitações de aniversários e pouco mais. sou pessoa do exterior e gosto do ecrã do PC para o necessário em termos profissionais, a partir daí, quero é exterior. sou mais papel e lápis e prefiro que as tecnologias estejam ao meu serviço e não o oposto.

  • Bom dia Me.
    Realmente eu também tenho algum receio a esse nivel, não estarei a expor-me demais?
    Mas depois penso exactamente como tu, será que estou a proteger a minha filha por lhe esconder as maravilhas da internet, só porque não coloco fotos dela na net não quer dizer que está 100% protegida. Ela está na escola todo o dia, só peço a Deus que a proteja, mas não se sabe o que pode acontecer, e Deus nos livre de pensarmos nisso a toda a hora pois dariamos em doidas.
    Ela tem 4 anos e já mexe no PC como gente grande, daqui a uns 2 ou 3 aninhos certamente já me vai pedir para ter facebook e outras coisas semelhantes e claro como Mãe é minha obrigação explicar lhe os perigos que dai poderão vir mas nunca proibir, sou da opinião que proibir não é impedimento para nada, muito pelo contrário.
    Bem já me estiquei bastante, beijokas e obrigada por “falar” de um tema tão importante nos dias que correm.

  • Não vivemos numa bolha, e há atitudes e opiniões que rondam o obsessivo. Aqui há tempos, um grande amigo meu (que rasga os talões de multibanco e os distribui depois por três ou quatro caixotes de lixo diferentes, haja pachorra), sabedor de que faço muitas compras na Amazon, pediu-me para lhe mandar vir um artigo. Em vão lhe garanti que era seguríssimo, que fazia lá compras há mais de dez anos sem nunca ter tido qualquer problema. Que não, e que não, e que não. Resignada, lá fiz a encomenda, com a morada dele para entrega. Como nos vemos pouco, passava a vida a telefonar-me a perguntar quando é que me pagava. Já farta, e porque se tratava de um valor baixo, acabei por lhe berrar “Deixa-me em paz! Considera um presente meu!”

    Naquele estranho canal que é o TLC há um programa chamado World’s Worst Mom em que a autora faz intervenções junto de famílias que, à custa de terem os filhos tão protegidos, estão a criar autênticos atadinhos, sem quaisquer ferramentas para se mexerem no mundo real. Os miúdos (alguns já bem crescidos) não podem (e não sabem) pegar numa faca, fazer uma sanduíche, acender o fogão, passear o cão, apanhar um autocarro. Faz impressão, palavra.

    • A realidade Teresa é que há “malucos” em todo o lado. Na web e na vida lá fora.

      A alguns desses “exagerados” dá-lhes para achar que são perseguidos (como o teu amigo), a outros para acreditar que o mundo é um serial killer em potência (como essas mães chanfradas) e a terceiros, para serem eles próprios os perseguidores. Entre esses extremos há um intervalo muito grande e saudável para vivermos de forma equilibrada 🙂

      • Também me parece que sim. Uso o Facebook, mas as minhas fotografias, por exemplo, só as vê quem eu quero. No blogue conto o que me apetece com exposição moderada. E não tenho medo de conhecer pessoas da blogosfera, acho que sei escolhê-las. 🙂

  • Bom, tu é que sabes aquilo que podes fazer com a tua vida. Tu só te expões a ti, não expões a tua família, a tua filha nem mais ninguém. Também não expões o teu trabalho. Não estou a ver aqui qualquer excesso.

  • “Se é verdade que a nossa exposição e a dos nosso filhos é um risco? Caramba, claro que é. Mas a verdade, e os créditos desta expressão não são meus, é que eu não sou assim tão importante. A minha filha não é assim tão importante. Nós, não somos assim tão importantes. E o risco de exposição que se corre por se estar na web e poder ser “observado” ou “perseguido” por um qualquer maníaco, arrisco-me a dizer que é quase similar ao de se ter um vizinho maluco com uns binóculos no prédio da frente ou ao de se ter um qualquer pedófilo a espreitar pelo muro de um colégio.”
    Se de muitas coisas que aqui se escrevem eu posso discordar, com este trecho eu concordo.
    Para mim, fechar-me á net e ás redes sociais, não estando nem de perto tão ligada quanto a Me, é fechar-me a um mundo necessário nos dias que correm. Já não vivemos naquela sociedade em que só um tinha telefone e sabia da vida de todos.
    Claro que cada sabe de si e expõe os seus e a sua vida como quer. Mas, convenhamos será melhor conhecer os meandos da coisa, explicar aos filhos os perigos e os benefícios por conhecimento próprio e não porque se ouviu dizer, ensiná-los, educá-los ou deixá-los descobrir sozinhos à mercê de qualquer um?
    Tal como as fotos das crianças em blogs, e eu ponho as que quero dos meus filhos. Ai, porque todos vêm, mas o que as pessoas não se lembram é que qualquer telemóvel tem câmara, uma qualquer máquina faz zoom e que eu saiba não andamos com as crianças na rua de cara tapada. Agora, o nome completo, a morada da escola, as horas de entrada e saída, e fotos das crianças nuas são exposições desnecessárias.
    Nany

  • Concordo, o risco de exposição é o mesmo que na vida real e tal como na vida real ensinamos às crianças que não devem ir ou falar com estranhos, etc etc etc, também no mundo virtual, em vez de os fecharmos numa redoma de vidro, devemos ensiná-los a reconhecer e evitar os perigos.
    É preferível sermos nós a ensiná-los e até inicialmente guiá-los, e assim ter acesso ao que eles vêm, do que isolá-los desse mundo e mais tarde eles fazerem tudo (porque vão fazer, quer queiramos, quer não) sem saberem reconhecer os perigos.

  • Grande post 🙂
    Dizem que é um risco marcar “encontros” com pessoas da net. Coisa que eu já fiz algumas vezes e que correu sempre bem. Um dia resolvi dar confiança a um rapazinho que conheci pessoalmente (e quando o conheci estava com a minha família) e foi quando realmente me senti em risco.
    Conclusão… doidos há em todo o lado e não é apenas na internet que andam bem disfarçados.

    Bjinhoo

  • O meu marido pensa assim. É dificil enfiar outra ideia naquela cabeça dura. Já lhe expliquei o mesmo, no facebook escrevo o que EU quero e não é pelo A, B ou C que escrevem demais que eu sou igual. Fotos da minha filha tem claro, mas nada que a exponha demasiado. Nome óbvio que falo no nome dela, no meu blog não até porque não quero ser facilmente reconhecida mas no facebook falo. Se fosse para preservar então não podia ter babas, nem chupetas, nem fraldas nas quais está o nome dela estampado ou bordado…se fossemos por aí hoje em dia é muito fácil saber de tudo…basta perguntar as pessoas certas…

  • Não podia estar mais de acordo! Eu na net ponho o que quero e sou eu que controlo o que aparece, agora com a minha vizinha neurótica não é bem assim lol sim eu tenho uma dessas doidas que não faz mais nada a não ser meter-se na vida dos vizinhos que é bem pior do quem anda ai na net!!!

  • Eu exponho-me moderadamente assumindo os riscos inerentes a isso e controlando o que será de mais ou não… essa fronteira não será igual para todos, uns terão mais necessidade de se resguardar que outros e sentir-se-ão mais seguros assim (ainda que as coisas não sejam de forma alguma tão lineares).
    Por exemplo, eu não mostro a cara da minha filha no Facebook (e confesso que me apoquentam algumas das fotos expostas em que estão crianças). Ela decidirá, quando tiver idade para isso, até que ponto se quer mostrar ou não. Sempre com a minha supervisão, claro.
    Desde que não se caia em exageros ou em paranóia, que os há em ambos os extremos da questão, não me parece que haja algo a apontar.
    Abraço.

  • me
    obrigada por esse texto, ha tempos precisava ler algo semelhante.
    porque uns criticam mesmo a forma como vivemos a nossa vida na internet.
    e minha proxima resposta sera: a responsavel sou eu!
    beijo

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