Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Não se ensina a amar.

No princípio dos tempos foram as grandes obras de literatura.

Depois surgiram as revistas cor-de-rosa cheias de conselhos e sugestões.

Entretanto, as frases feitas e todos os clichés colados nos murais das redes sociais.

Pelo meio, crónicas (bastante agradáveis por sinal) ao melhor estilo Miguel Esteves Cardoso.

E esquecemos-nos de que a verdade é tão só e apenas uma.

Não se ensina a amar.

Ninguém ensina uma mãe a amar os seus filhos.

Ninguém ensina um avô a mimar as suas netas.

Para quê tentar ensinar uma mulher a amar um homem?

Como instruir um homem a tratar bem a mulher que ama?

Quando nascemos somos (quase) uma tábua rasa. Que deve ser estimulada. Somos observados mas, acima de tudo, observamos. E sim, é certo que o que observamos em crianças, tomamos como exemplo. Mas não é sempre assim. Se é verdade que crianças espancadas se tornarão mais facilmente pais abusadores, também é verdade que muitas existem que se tornaram pais extremosos que nunca agrediram os filhos.

Não se ensina a amar.

Não há conselhos práticos ou regras certas para amar.

Quando se ama, age-se instintivamente.

Quer-se mimar.

Quer-se agradar.

Quer-se fazer o outro feliz acima da própria felicidade (porque a felicidade do outro é a própria felicidade).

Se compreendo o sucesso de tais crónicas, a divulgação em cadeia desses textos e frases feitas, não entendo que sejam necessários para ensinar alguém. Não entendo que peguem neles como exemplo a seguir ou teorias quase matemáticas.

Não se ensina a amar. Quando se ama, sabe-se amar. Ama-se e pronto.

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“Não se ensina a amar.”

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