Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Será sempre o Sr. Anticancro

E valerá sempre a pena ler o que escreveu e tentar adoptar o seu estilo de vida… mal não fará, pelo contrário!

 

No Público por Ana Gerschenfeld:

 

David Servan-Scheiber, médico e neurocientista francês conhecido pelo seu livro sobre o “estilo de vida anticancro”, morreu ontem à noite num hospital em Fécamp (noroeste da França). Tinha 50 anos e lutava há quase 20 contra um cancro muito agressivo no cérebro.

 

Há já várias semanas, tinha tornado pública a sua desesperada situação de saúde, com a publicação do seu último livro, On peut se dire au revoir plusieurs fois (“É possível dizer-se adeus várias vezes”, na tradução em português) (ed. Robert Laffont). 

Servan-Scheiber, que como lembra a AFP nasceu numa família de grandes empresários, estava já há três dias em coma, depois de ter sofrido durante os últimos meses de diversos sintomas neurológicos graves – paralisia, dificuldade em falar – devidos a metástases no cérebro.

Foi em 1992 que, por mero acaso, Servan-Scheiber se submeteu a uma ressonância magnética no âmbito de pesquisas em neurociências que estava a fazer no seu laboratório da Universidade de Pittsburgh (EUA) e descobriu que tinha um tumor cerebral maligno. Foi operado e tratado. Mas foi quando o cancro voltou em 2000, e quando Servan-Scheiber teve de voltar a ser operado e a submeter-se a quimioterapia e radioterapia – como contou ao PÚBLICO em entrevista em Maio de 2010 – , que percebeu que tinha de procurar o que ele próprio “podia fazer para reforçar a capacidade de o [seu] corpo combater a doença”.

O resultado dessas pesquisas foi o seu livro Anticancro – Uma nova maneira de viver, publicado em 2007 (e em 2008 em Portugal, pela Caderno). No livro, Servan-Schreiber detalha as principais alterações de estilo de vida (em termos de nutrição, mas não só) que, segundo tinha apurado a partir da análise de inúmeros estudos epidemiológicos e em animais publicados na literatura científica, podem ajudar o organismo humano a lutar contra o cancro. Apesar de ter sido alvo de críticas por parte de alguns oncologistas por preconizar métodos alternativos, Servan-Schreiber sempre afirmou que os métodos soft não deviam de maneira alguma substituir os da medicina convencional, que continuavam a ser os que já lhe tinham salvo a vida por duas vezes.

A terceira recaída aconteceu no ano passado e desta vez Servan-Scheiber não a conseguiu vencer. Motivou a escrita do seu último livro. “Se a doença me atinge apesar de pensar, comer, mexer-me, respirar e viver anticancro, então o que resta de Anticancro?, declarou. “É para responder a esta pergunta que escrevo hoje.”

Era uma questão que tínhamos evocado na entrevista do ano passado. Na altura, Servan-Schreiber tinha respondido simplesmente: “Eu não sou uma experiência científica. O que digo no meu livro não se baseia no sucesso ou no fracasso do meu caso pessoal – e ainda bem. Não possuo nenhum método garantido a 100 por cento, não sei o que me irá acontecer daqui a três meses ou três anos. Mas isso não altera a validade do que digo.”

Au revoir, David Servan-Schreiber.

4 Discussions on
“Será sempre o Sr. Anticancro”
  • Não é garantido que se possa fazer grande coisa para evitar o cancro, mas há pequenas coisas que se calhar não custam assim tanto, e podem ajudar…

  • C., seria tentador dar-te razão, mas acredito que não seja esse o motivo.

    Normalmente quando publico textos que leio, não tenho muitos comentários, independentemente do assunto.

    Quem me lê e comenta, fá-lo normalmente pelos (e nos) textos da minha autoria e nestes, posso garantir-te que tanto são comentados os que falam de sapatinhos como os que falam de assuntos verdadeiramente importantes.

    Bisouxxx

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