Eu, Tu e os meus sapatos

Louca pela vida. Louca por ti. Louca por escrever. Louca por sapatos.

Esclarecer…

 

Em relação a este texto, vou tentar ser mais explícita:

 

É natural que existam acontecimentos ou notícias na vida de qualquer pessoa que lhes tragam felicidade, alegria, distracção. É claro que sim. Mas, é completamente absurdo, sugerir que tais ocorrências possam de qualquer forma amenizar/diminuir o sentimento de saudade e de perda pela morte de um filho. Sugerir que possam diminuir o buraco. É que é isso mesmo, um buraco. Que não se tapa. NUNCA.

 

Não são sentimentos comparáveis (nem podem ser) e têm obrigatoriamente “2 pesos e 2 medidas”.

 

Não é possível, de todo, colocar a perda de um filho num dos pratos da balança e acreditar que existam “outras coisas” suficientemente boas para equilibrar a balança. É, aliás, verdadeiramente absurdo.

 

Serei só eu a achar isto?

 

Não me parece.

 

Que quem faz esta comparação não o faz por mal?

 

Acredito que não.

 

Mas às vezes perdem-se boas oportunidades para se ficar caladinho e não se dizer baboseiras…

10 Discussions on
“Esclarecer…”
  • Como eu te compreendo!

    Por vezes acho que essas pessoas não perderam (e ainda bem) alguém que amavam muito, mas mesmo assim muito…senão saberiam que a “ferida” não sangra mas também não fecha…

    beijocas
    SJ

  • Ora aí está aquilo que eu queria dizer com o meu comentário. É um disparate dizerem isso mas não o fazem por mal. Fazem porque não sabem estar calados. E acham que devem dizer alguma coisa. O que só por si é parvo. Não têm que dizem alguma coisa. Não têm que fazer comentários. Tantas vezes que é preferível ficar calado. Não há NENHUM acontecimento que minimize a perda de um filho. Nem o nascimento de outro simplesmente porque as pessoas não são substituíveis. Resumindo e concluindo, não são pessoas maldosas mas são pessoas parvas. E sobretudo porque me parece que, dentro da dor gigante que deve ser, vocês são pessoas que lidam com o assunto de forma saudável. Daí o comentário ser ainda mais parvo.

  • O problema é mesmo as pessoas abrirem a boca a acharem que estão a dizer algo repleto de sabedoria e nem reflectirem dois segundos.

    Existem dores e tristezas que não se tornam mais levezinhas…são perdas.

    Beiju grande babe

  • Olá doce Me,
    ao ler este post só me lembrei do ditado da minha avó materna que perdeu dois filhos e havia pessoas que lhe diziam, mas você tem mais sete, ao que ela respondia com toda a frieza, existem buracos que não se tapam, falta sempre aquele sorriso, aquele cheiro, aquela gargalhada, pois dos meus filhos nenhum poderá substituir os outros dois.
    Espero que esteja tudo bem.

    Abraço muito doce para ti e para a senhora tua mãe, que é muito talentosa, parabéns.
    Com carinho
    Sairaf

  • Me, a pessoa que eu mais amo no mundo é o meu irmão. Eu não vejo o meu irmão há 10 meses por consequência sinto a falta dele todos os dias, sinto. Os meus pais não vêem o meu irmão há um ano e meio. Há a internet e coisa e tal, apazigua sim senhor mas nós seres humanos temos uma necessidade palpável, presencial, face to face das coisas. Há um dia-a-dia que não se acompanha, há momentos que não presenciamos, há um amanhã que não sei se nos une, há um medo que esse amanhã não chegue. Eu sofro, eles sofrem o meu irmão sofre, mas… estamos cá.

    Tudo isto para dizer o que? Não imagino sequer o que é perder um irmão, muito mais, não imagino sequer o que é perder um filho e tenho A CERTEZA que nada, nada mesmo se pode comparar a essa perda.

  • Eu aprendi que na maior parte das vezes, essencialmente no que toca à vida das outras pessoas e mais especificamente ao seu sofrimento, o ideal é ficar calado! Acredito que nem todas as pessoas dizem estes disparates conscientes do que estão a dizer, na maior parte das vezes são ditos por pessoas que simplesmente não sabem o que dizer. Porque simplesmente não sabem como respeitar e lidar com o sofrimento dos outros…

  • Os meus pais perderam um filho com 27 anos. Já lá vão alguns anos e acredita que nada nem ninguém colmatou aquele vazio. Tiveram momentos felizes, claro que sim. Mas nada faz esquecer aquela mágoa.

  • Eu para perceber o que se passava fui ver o o outro post. A minha mãe antes de eu nascer teve um aborto e ainda hoje falar com um sentimento de perda imensa. E não foi ninguém que ela tivesse nos braços, convivido e afins. Imagino (ou não) o sofrimento de quem perdeu alguém, das recordações e afins. Ainda hoje me lembro da minha madrinha que perdi a uns anos… a melhor pessoa que eu alguma vez conheci. Nem tenho palavras, para a descrever. A realidade é que por mais pessoas que fale e afins, não consigo esquecer. E era alguém que eu não via muitas vezes só em almoços de família e algumas festas. Ninguém substitui ninguém e ficas sempre com aquela mágoa e o sentimento de saudade da pessoa especial que ela era.

    Beijooo*****

  • Desculpa Me, mas acho que com a frase que transcreveste, dita por alguém que duvido ter más intenções, não transmite essa ideia de alguém ser substituível. Transmite sim a ideia de que essa pessoa acha que algo bom que aconteceu ou vai acontecer fará bem aos teus pais, porque provavelmente lhes trará alguma felicidade. Não vejo aquilo que ves, não interpreto da mesma forma que tu.
    Mas isto sou eu que estou de fora!
    Se a pessoa podia estar calada? Pois se calhar podia

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