Não raras vezes, o R. alerta-me para que não “me meta onde não sou chamada”.
Tenho assumidamente esse hábito, defeito ou feitio. Apelidem-no como quiserem.
Assumo as dores dos outros e vivencio a sua felicidade também.
Será isto assim tão estranho?!
Vivo a vida nos extremos. Se estou triste choro mas se estou feliz, estou verdadeiramente feliz. Num estado quase eufórico. Da minha boca nunca ouvirão “ah, estou mais ou menos” nem sequer o tão tipicamente português “ah, vai-se andando”. Eu digo sempre que estou bem. E se estiver triste, normalmente guardo-o para mim e para os meus.
Mas, voltando atrás, não será esta forma de viver (assumindo a dor de outros e vivendo as suas alegrias também) a forma mais natural?
Se assim não fosse, como poderíamos estabelecer relacionamentos? Familiares, de amizade ou até mesmo em sociedade?
Sem partilha de sentimentos, mais ou menos íntimos, mais ou menos nobres, parece-me um tanto quanto inatingível o relacionamento. A troca perfeitamente recíproca. A cumplicidade. Viver.
Sem esta preocupação com a dor de outros, como poderia ser efectivamente filha, mulher, amiga, colega?
Sem ficar verdadeiramente feliz com a felicidade dos meus amigos, como poderia eu ser sua amiga?
Sem recriminar os meus amigos quando acho que é minha obrigação fazê-lo, que espécie de amiga seria eu?
Vocês não me conhecem. É verdade.
Mas quem está ao meu redor sim!!!
E sabem que mais dia menos dia, ou levam comigo louca aos saltos com a felicidade deles ou a rosnar-lhes quando fazem uma asneira digna de uma tareia…
Eu sou um bocado assim, quando os meus amigos e familiares estão tristes eu também me sinto assim, quero para eles o mesmo que para mim ou até mais. Por isso se as coisas lhes correm menos bem é claro que eu fico em baixo. Tenho uma amiga agora que está à espera para saber se vai conseguir ser mãe eu estou tão ansiosa quanto ela quero tanto esse bebe como se fosse para mim, e não me consigo imaginar de outra maneira.
Se sofro por ser assim?Claro e muito mas também sou muito muito feliz e isso compensa tudo o resto.
Beijinhos
Acho que é perfeitamente normal… para nós mulheres. Julgo que é uma característica mais nossa: somos mais intensas, mais apaixonadas, vivemos as coisas a peito. Os homens são mais distraídos e desligados pelo que por vezes não compreendem que nós vivamos as coisas de forma mais pessoal.
Mas também é certo que não podemos sempre assumir as dores/felicidades dos outros… simplesmente porque não nos pertecem e nem podem pertencer.
No meio de tudo julgo que temos de ter a capacidade de distinguir quais as situações que devemos ou não abarcar na nossa vida.
são sentimentos nobres sim, e eu também os partilho…e já ouvi o tal "não te metas onde não és chamada" quando no fundo eu só quis ajudar…e fiquei mesmo desiludida.
O sentimento que nutria pela pessoa não era reciproco e daí não me foi permitido partilhar do momento (nem tão pouco alertar para algumas irracionalidades que mais tarde viriam a ter consequencias.
Também considero que deve ser assim, mas também te digo que só deveria ser assim quando do outro lado também o é…quam não entende isso não merece a nossa amizade a nossa preocupação o nosso respeito.
Aqui disseste tudo "Sem partilha de sentimentos, mais ou menos íntimos, mais ou menos nobres, parece-me um tanto quanto inatingível o relacionamento." Mas infelizmente nem sempre as pessoas o fazem…muitas fazem da vida delas um segredo tã grande que ninguém tem o direito de saber dele, no entanto eu acho que essas pessoas não são felizes pois não partilham nada com ninguém…e isso faz-me muita confusão…
big kiss
É normal que nos interessemos pela vida de quem gostamos, não acho que seja nada de incorrecto se soubermos impor limites.
sim é sem dúvida a maneira mais natural de se estar na vida e de viver.
E eu pessoalmente detesto esse tão português #vai-se andando"…… ainda outro dia falei nisso no blog. bjo e obrigada pelo convite.
Partilho as tuas palavras e a tua perspectiva quanto ao assunto.
Ou não fosse eu exactamente assim…
Beijinhos querida*
Eu acho isso tudo perfeitamente normal!
Se gostamos verdadeiramente das pessoas sentimos as suas dores! Para quem tem coração é impossivel não viver assim.
Bjks***
Também vivo assim… e acredita que é incrível a quantidade de vezes, que mais do que recriminada "por me meter na vida dos outros", foi mal interpretada e muitas vezes levada a mal…
Mas também já percebi que não vou mudar e que talvez isso até seja mesmo o melhor em mim!
Um beijo*